Justiça Federal condenou o trio por tentativa de latrocínio e formação de organização criminosa armadaFreePik

Rio – A Justiça Federal condenou três integrantes de uma organização criminosa especializada em roubos a bancos com uso de explosivos e armas de fogo de grosso calibre no Rio de Janeiro. São eles: Fábio de Lima Fernandes, conhecido como 'Kojak'; Natan Charles Luan Carmo de Souza, o 'Cachorro'; e Carlos Augusto Barros Júnior. O trio possui conexão com o Comando Vermelho.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), que conduziu as investigações em parceria com a Polícia Federal, os ataques - realizados nos moldes de uma prática criminosa conhecida como “novo cangaço” - que levaram o trio à condenação ocorreram entre 2022 e 2023 e tiveram diversos alvos, sobretudo agências da Caixa Econômica Federal, de diferentes localidades. Dentre elas, Vila Isabel, Ilha do Governador e Jacarepaguá, na capital fluminense, e outros municípios, como São Gonçalo e São João de Meriti.
As investigações apontaram que a quadrilha possuía uma estrutura organizada, inclusive com diferentes funções para cada um dos integrantes. Por exemplo, "explosivistas", olheiros, seguranças e soldados armados.
Sobre a dinâmica dos ataques, os criminosos agiam de madrugada, bloqueando vias com veículos roubados e miguelitos (objetos de metal usados para perfurar pneus); usando reféns como escudos humanos; e trocando tiros com policiais. Após fugirem, se escondiam em comunidades dominadas pelo CV, que proporcionava armas, explosivos, veículos e esconderijos.
A partir de provas como exames genéticos, imagens de câmeras de segurança, análise de dados telefônicos e confissões parciais, MPF e PF conseguiram comprovar que um dos condenados participou de ataques em três lugares diferentes. Já os outros dois foram presos em flagrante, em maio de 2023, durante tentativa de roubo a uma agência bancária na Ilha – um quarto homem foi absolvido por falta de provas.
Penas
Na sentença, a 6ª Vara Federal Criminal do Rio reconhece que os ataques com tiros de fuzil contra policiais, mesmo sem mortes, deixaram clara a intenção de matar. A Justiça também entendeu que Kojak, Cachorro e Carlos Augusto se enquadram em continuidade delitiva, quando crimes da mesma espécie são cometidos em situações semelhantes; e concurso formal entre os crimes, quando uma única ação resulta na prática de dois ou mais crimes, idênticos ou não.
Os três foram condenados por tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte, na modalidade tentada) e por formação de organização criminosa armada. As penas variam entre 14 anos e 7 meses a 17 anos e 8 meses de reclusão, em regime inicial fechado, além de multa. Cabe recurso.
Para o MPF, as prisões foram fundamentais para a interrupção dos ataques da quadrilha no Rio. O procurador da República Paulo Brito, que atuou no caso, destacou o prosseguimento do trabalho conjunto entre MPF e PF: "As investigações continuam, e há outros processos em curso envolvendo os demais integrantes da mesma quadrilha, que também pode estar relacionada a ataques em outros estados".