Victor MeirellesDivulgação

No cotidiano escolar de um aluno, em sala de aula, no pátio, nos intervalos, na porta da escola ou no caminho de casa, há muitas as brincadeiras entre os colegas. Brincadeiras que algumas vezes fogem do sentido de brincar, da diversão conjunta e deixam de ser uma relação alegre e saudável, deixando de divertir para agredir. Situação cada vez mais comum e alarmante na comunidade escolar, que deve chamar nossa atenção, pois é a partir dessas “brincadeiras” que o bullying dá o ar de sua graça, e junto com ele o sofrimento e adoecimento das vítimas.

Cada vez se faz mais importante promover a conscientização sobre a importância do respeito e da empatia entre as crianças na Educação Infantil, alertando a sociedade sobre os malefícios do bullying e da violência na escola.

Na prática o bullying consiste em agressões verbais, físicas, digitais (no contexto do cyberbullying) ou psicológicas que se repetem e que podem deixar marcas profundas, em uma trajetória educacional e para a vida adulta das vítimas.
Alguns sinais nas relações do dia a dia podem alertar que uma criança ou jovem está sofrendo bullying: mudanças de comportamentos, ficar mais calada, retraída, diminuir o contato e interação com outras pessoas, se isolar em casa, perder o apetite e a vontade de ir para a escola, além de sintomas emocionais, como medo, ansiedade aflorada, aumento da irritação, choro ou impaciência frequentes.

Geralmente, as vítimas do bullying costumam ser crianças e jovens que trazem consigo algo diverso ou diferente em relação à turma, seja o uso do óculos, o perfil físico, a timidez, a naturalidade, nacionalidade, a região ou etnia de origem. Tudo isso pode trazer dificuldades de aceitação nos grupos, tendo em vista a uniformização presente na cultura escolar, justamente a diferença chama atenção, os tornando alvo de agressores.
Por não conseguirem muitas das vezes reconhecer a agressão ou saber como lidar, reagir, as provocações continuam, então, essas atitudes violentas repetitivas, se constituem em situações de bullying. Frequentemente os episódios de bullying colaboram para o adoecimento da vítima e o surgimento de transtornos psíquicos, como ansiedade e depressão.

Por isso é urgente e necessário estarmos atentos e conscientes das situações de violência e bullying, prontos para agir na prevenção e no combate, evitando o adoecimento de nossas crianças e jovens promovendo uma escola de cuidado e um futuro mais saudável e afetuoso.
Victor Meirelles é doutorando e mestre em Psicossociologia da Saúde. Autor do livro 'Bullying, qual é a graça?'