Rio - O sábado (7) foi de festa na quadra da Mangueira, na Zona Norte, palco da 3ª edição da Feira Literária e Cultural (FLIC). Com uma programação especial focada no incentivo à leitura e na valorização da cultura, o evento gratuito reuniu centenas de pessoas, entre elas muitas crianças e adolescentes, desde sexta (6), quando teve início.
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Realizado no solo sagrado de Cartola, Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça e outros poetas, o evento contou com estandes de editoras, oficinas de criação poética, de percussão, contação de histórias, lançamentos de livros, bate-papos com autores, além de apresentações artísticas e, claro, muita roda de samba.
Um dos participantes foi o gari e escritor, Valdeci de Boareto, de 56 anos, que apresentou aos participantes seu novo livro infantil "Garizinho Tódi e o Planeta" e o adulto, já lançado na Bienal de 2023, "Comportamento que Te Salva". Ele começou a escrever na pandemia e já palestrou, no ano ado, até na Universidade de Havard, renomada faculdade nos Estados Unidos.
"Fico muito feliz com esse espaço para a comunidade que a Mangueira abriu onde tivemos a oportunidade de expressar o que sentimos e vivenciar essa grande experiência. Pude contar das dificuldades que ei, que tudo começou na pandemia. É um espaço maravilhoso, onde a gente mostra o poder da literatura na vida das pessoas", contou.
Valdeci trabalha há 28 como gari e lançou o primeiro livro há dois anos, em que fala sobre a inteligência emocional, a resiliência e a empatia na vida prática. "A literatura transforma pessoas. Eu não sabia que ser escritor era isso, as pessoas ligam para mim e começam a chorar e falam se tivessem lido o meu livro antes não teriam feito tanta besteira. Aí comecei a perceber o poder transformador da literatura, é uma coisa incrível. Estou vivendo um momento de ficar assustado de uma maneira positiva sobre o que a literatura pode fazer na vida de alguém ao ler um bom livre", completou.
O evento na Mangueira contou ainda com estandes da Secretaria Municipal de Educação com programação voltada para os alunos da rede, da educação infantil, ensino fundamental e EJA.
Rosangela dos Anjos, professora e apoio da direção da Escola Municipal George Sumner, no Riachuelo, levou um grupo de alunos. "Sempre quando acontecem essas trocas culturais entre a escola e outros órgãos, como eios, encontros e festas literárias, é muito gratificante para os alunos. Eles veem naquilo um momento de incentivo a continuar estudando, pois, como o gari escritor disse lá, a educação transforma vidas", exaltou.
A professora destacou que isso é importante para enaltecer os momentos de troca entre os alunos e disse que a ideia inicial é que eles assistissem apenas o evento. "O envolvimento foi tão grande na hora, que eles fizeram oficina de samba, uma aluna fez oficina de turbante, foi muito lindo".
O projeto Livres para Estudar promoveu palestras e rodas de conversa sobre saúde da mulher, pobreza menstrual e combate à violência de gênero, além de distribuir absorventes íntimos para todas as alunas da rede municipal de educação presentes.
No estande do Instituto Helena Antipoff, os visitantes participaram de atividades inclusivas e sensoriais relacionadas à ibilidade de pessoas com deficiência. No Espaço GET, voltado à inovação e à tecnologia, alunos puderam expor trabalhos que desenvolveram nos Ginásios Educacionais Tecnológicos.
A Flic Mangueira também foi uma ótima oportunidade para o público conhecer um pouco mais sobre a história da escola de samba e sua relação com a cultura do Rio de Janeiro e do Brasil. A programação variada contemplou pessoas de todos os gostos e idades, com as atividades que valorizaram a diversidade cultural presente, o empoderamento da população negra e a promoção da equidade de gênero.
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