Vítor Belarmino se entregou à polícia 10 meses depois do crimeReprodução / Redes Sociais

Rio – O influenciador Vítor Vieira Belarmino negou, em audiência realizada nesta quarta-feira (28), que estivesse dirigindo em alta velocidade quando atropelou e matou o fisioterapeuta Fábio Toshiro Kikuta, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio, em julho de 2024. O interrogatório, feito pela 1ª Vara Criminal da Capital, do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), durou cerca de uma hora e 20 minutos.
O réu disse que não consumiu bebida alcoólica antes do acidente. Ele afirmou que estava indo em direção à praia em uma BMW com cinco mulheres e, ao desviar para a pista da esquerda da Avenida Lúcio Costa, para ultraar uma moto, se surpreendeu com Fábio e sua mulher, que não ficou ferida, atravessando a pista.
"Eu lembro que estava na pista da direita, a aproximadamente 60 km por hora, resolvi ultraar uma moto e acelerei. Nesse momento, o casal surgiu na pista, cerca de 20 a 30 metros à frente. Freei tudo o que podia e tentei jogar o carro para a esquerda em direção ao canteiro, mas tinham dois carros estacionados e, também tentei não bater neles", explicou.
O influenciador alegou que chegou a parar o veículo mais à frente para prestar socorro. No entanto, ele viu que começaram a chegar pessoas para socorrer a vítima e, com medo de ser agredido, seguiu a viagem.
"Após atingir o Toshiro, fiquei desesperado e não sabia o que fazer. As meninas começaram a gritar e parei o carro mais à frente com a intenção de prestar socorro. Mas vi várias pessoas chegando para socorrer e, também, a taça de vinho que a Amanda [uma das amigas] carregava quebrada no banco de carona. Fiquei com medo de ser linchado e segui. Mais à frente, as meninas continuaram gritando, pedindo para parar para elas saltarem, e eu parei e elas saíram", ponderou.
Vítor apontou que no momento do atropelamento, o carro deveria estar a cerca de 80 km/h. Ao ser questionado sobre a velocidade que estava antes de começar a frear o veículo no momento que avistou o casal, ele não soube responder.
O réu revelou que depois, foi para a sua casa, em um condomínio na Zona Oeste do Rio, quando pegou outro carro e levou o irmão, que estava na sua casa, para a residência da mãe, em Campo Grande. Contou que, no dia seguinte, sua mãe ligou para ele, tentando convencê-lo a se apresentar na delegacia, mas, como viu que já tinha sido expedido mandado de prisão contra ele, resolveu não se entregar.
Ao ser questionado a razão de ter decidido se apresentar à delegacia, após permanecer foragido por 10 meses, ele respondeu que somente agora a imprensa estaria divulgando informações sobre o fato que considera "verdadeiras". "No momento do acidente, foram divulgadas várias notícias com informações falsas sobre o ocorrido. Agora, estão aparecendo fatos mais verdadeiros, revelados pela imprensa, diferente das mentiras que circularam, também, nas redes sociais."
Ao final da audiência, a defesa de Vítor solicitou a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares menos graves. O Ministério Público se manifestou contrário ao pedido e os autos seguiram conclusos para decisão do juízo.
Relembre o caso
Fábio Toshiro Kikuta, de 42 anos, morreu após ser atropelado na noite de 13 de julho do ano ado, enquanto atravessava a Avenida Lúcio Costa, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. O acidente aconteceu poucas horas após seu casamento. O veículo era conduzido por Vítor, que fugiu sem prestar socorro.
Durante a investigação, a perícia foi realizada no local e 13 testemunhas prestaram depoimento. Os investigadores analisaram mais de 20 vídeos de câmeras da região, e o Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) produziu 10 laudos técnicos. Um deles apontou que o réu trafegava entre 92 e 118 km/h no momento do atropelamento — velocidade acima do limite da via, que é de 70 km/h.
Além disso, a investigação também concluiu que o motorista dirigia o veículo em velocidades que variaram entre 109 Km/h e 160 Km/h no trecho anterior ao atropelamento. Também foi apurado que, se estivesse trafegando na velocidade permitida, teria condições de frear o carro antes do impacto.