Thiago Feitosa, presidente do Grupo O DIA, CEO do Portal iG e vencedor do Prêmio Comunique-se, o Oscar do Jornalismo Brasileiro, na categoria 'Liderança de Veículo de Comunicação'Divulgação

Na madrugada do dia 5 de junho de 1951, o Rio ainda bocejava quando os primeiros gritos ecoaram pelas ruas: “Saiu o O DIA!” Era o nascimento de um jornal que, já na primeira edição, deixou claro a que vinha. “Roncando de olhos abertos: a tragédia de um povo que só tem existido para sofrer e pagar impostos” estampava o caderno único, com oito páginas leves, mas recheadas de peso — o peso da realidade carioca.
Sete décadas e quatro anos depois, O DIA segue vivo. Não como um velho de bengala e olhar embaçado, mas como quem se reinventa sem perder as marcas do tempo. Nesta quinta (5), o jornal lança uma nova marca, mais vibrante, mais conectada, mais cara de Rio — esse Rio que pulsa nas veias do país, mesmo quando tropeça em seus próprios escombros.
"Hoje, com 74 anos de estrada, o jornal olha para trás sem saudade, mas com orgulho. E olha para frente com fome" - Arte: Kiko
"Hoje, com 74 anos de estrada, o jornal olha para trás sem saudade, mas com orgulho. E olha para frente com fome"Arte: Kiko
O jornal nasceu num tempo em que a cidade ainda carregava traços do Império e da República Velha. Túneis, viadutos, linhas expressas — tudo ainda era desenho em papel. O Rio era Distrito Federal, não tinha autonomia política, mas era o coração do Brasil. A sede das decisões políticas, dos desfiles militares, dos bailes e dos boêmios. Era o tempo da Constituição liberal de 1946, da esperança do pós-guerra, da cidade com pouco mais de dois milhões de habitantes e um mar de histórias para contar.
Contar histórias foi o que O DIA fez. E faz. Esteve lá quando a História virou manchete. Como em 2 de abril de 1964, quando a reportagem trouxe à tona o apoio popular ao golpe militar com a população de Copacabana saudando tropas do Exército nas ruas. Esteve presente também na emoção de despedidas, como a de Chico Anysio, homenageado com fotos dos seus personagens eternos, que ainda arrancam sorrisos de quem os vê.
Naquelas primeiras décadas, o Rio tinha seus dias moldados por mais de 20 jornais, matutinos e vespertinos. O DIA se destacou. ou por censuras, redemocratização, hiperinflação, crise da mídia impressa, virada digital. Não foram poucos os desafios. Mas o jornal resistiu — e segue resistindo, agora com a ousadia dos novos tempos.
A nova marca apresentada nesta quinta é mais do que um logotipo. É um símbolo da estrada entre o ado e o presente, uma ponte que liga a redação ao subúrbio, o digital ao impresso, o breaking news ao furo de reportagem bem apurado. Os novos tons de azul e amarelo refletem a vibração de um jornal que caminha junto com o carioca — nas vitórias, nas broncas, nos escândalos, nas belezas e nas agruras.
O lançamento da nova marca reforça nosso compromisso com o futuro do Rio, com um jornalismo que se conecta com o presente, mas respeita a própria história. O novo design traz de volta a essência de 1951, mas com uma pegada contemporânea, pensada para conversar com quem consome informação na palma da mão, em mil abas ao mesmo tempo.
Sim, a sociedade mudou. E o jornal também. Mas o 'papel' de O DIA vai além do papel. É o de ser espelho e farol. De apontar o que há de errado, de provocar, de emocionar, de informar. A missão, desde o berro inaugural dos jornaleiros, é clara: estar ao lado da população do Rio.
Hoje, com 74 anos de estrada, o jornal olha para trás sem saudade, mas com orgulho. E olha para frente com fome. Fome de verdade, de presença, de conexão. Porque informar é mais do que relatar. É fazer parte. É transformar.
O DIA não é apenas testemunha dos tempos. É personagem, é cenário, é palco e bastidor. E agora, com cara nova, quer seguir sendo aquilo que sempre foi: o jornal que acorda cedo, veste a cidade e sai para contar o que ela vive. Com coragem, com paixão, com o sotaque de quem conhece cada esquina. Afinal, como bem sabem os leitores mais antigos: o Rio pode até mudar com o tempo, mas o DIA é sempre hoje.
* Thiago Feitosa é presidente do Grupo O DIA, CEO do Portal iG e vencedor do Prêmio Comunique-se, o Oscar do Jornalismo Brasileiro, na categoria 'Liderança de Veículo de Comunicação'