Mário Bittencourt, presidente do Fluminense, ao lado de Bap, presidente do FlamengoMailson Santana / Fluminense FC
Flamengo e Fluminense defendem fair play financeiro no Brasil: ‘Não pagou, não joga’
Tema foi debatido durante evento nas Laranjeiras, sede do Tricolor, e contou com apoio de Internacional e Fortaleza
Rio - Flamengo e Fluminense, aliados a Internacional e Fortaleza, saíram em defesa do fair play financeiro no futebol brasileiro durante o II Simpósio de Direito Esportivo, realizado nesta sexta-feira (16), nas Laranjeiras, sede do Tricolor. Os quatro clubes apoiaram a ideia de que os times mal pagadores não possam entrar em campo, sugerida por Mário Bittencourt, presidente do Flu.
"A Fifa já controla os pagamentos. Mas tem uma solução simples: não pagou, não pode jogar. Se comprou o jogador e não pagou, não joga. Basta o clube notificar por e-mail. Se você tirá-lo da rodada, você já volta a ter o equilíbrio competitivo. Não precisa ter transferban, é só impedir quem não pagou de jogar. Automaticamente, ele (clube) vai parar de contratar. Isso pode ser implementado numa reunião de Conselho Técnico", propôs Mário, que recebeu apoio dos outros dirigentes presentes.
O presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, chamou atenção para as Sociedades Anônimas do Futebol (SAF) no Brasil. Sem citar nenhum time, o dirigente lembrou que, mesmo com a transformação dos clubes em empresas, algumas dívidas não são pagas.
"Sugestão do Mário é boa, simples, fácil e rápida de implementar. Mas entendo que com o tempo deva haver punições esportivas de perda de pontos. Tem SAFs, clubes de tamanhos diferentes... [...] "Ah, mas clube virando SAF vai pagar tudo". Tem clubes reconhecidamente fortes hoje em dia que viraram SAF e não pagam ninguém. Onde não houver sanção, não acredito que haverá solução, pelo menos nesse aspecto", disse Bap.
O presidente do Internacional, Alessandro Barcelos, também apoiou a sugestão, mas questionou qual órgão seria responsável pela fiscalização. A dúvida também foi levantada por Marcelo Paz, CEO do Fortaleza.
"Vamos montar um fair play financeiro, mas precisa ter um controlador. Vai ser essa CBF que está aí? A CBF ou será quem? Nós vamos ter capacidade de construir uma liga que terá instrumentos para controlar o fair play financeiro? Concordo com todas as reflexões. Acho que o fair play financeiro não pode ser algo limitador. Espero que ele tenha o processo completa, que envolva todas as questões que envolvem o futebol. Nós temos dívidas de atletas que nem estão mais aqui. Contas a pagar que muitas vezes são menores do que contas a receber", explicou Barcelos.
"Entendo também que a CNRD, que já existe, está legitimado, dentro da CBF, tem que ser mais rápida, efetiva e menos política. Como o transfer ban da Fifa, mas só vale para transações internacional. a CNRD ainda é muito lenta, tem interferência politica, demora a julgar, a avaliar... Penaliza quem cumpre com seus compromissos e facilita para quem não cumpre", completou Paz.
Durante o evento, o Corinthians foi citado como exemplo de clube mal pagador duas vezes. Mesmo com dívidas, o time paulista eliminou o Fortaleza, que estava com pagamentos em dia, da Copa Sul-Americana do ano ado. Além disso, contratou três vezes mais que o Fluminense na janela do meio do ano em 2024, ano em que os dois times lutaram contra o rebaixamento no Brasileirão.
Vale lembrar que o Internacional, apesar de apoiar o fair play financeira, não pagou o Flamengo pela contratação do volante Thiago Maia. O time gaúcho tentou transferir a dívida para o Santos, mas o negócio melou por conta das garantias exigidas pelo Rubro-Negro.
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