Na Barra da Tijuca, estoque de imóveis para venda poderá terminar em nove mesesShutterstock
Para Marcos Saceanu, presidente da Ademi-RJ (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário), o estoque do Rio, fechamento do primeiro trimestre, é o menor de todas as capitais do Brasil. “O estoque médio que temos hoje no Rio equivale a aproximadamente 6 meses de vendas. A Barra, por exemplo, é um dos bairros onde o nível de estoque está baixo. Em 2024, com o alto volume de unidades vendidas, o estoque reduziu bastante. O momento é oportuno para novos empreendimentos”, observa Saceanu.
Paralelamente, segundo o executivo, o Rio vive um momento muito positivo para o turismo. “O ano de 2023 foi recorde em visitantes, 2024 está seguindo no mesmo ritmo, e as projeções para 2025 são ainda mais otimistas. Esse aquecimento do setor turístico tem impulsionado fortemente a locação de curta temporada por meio de plataformas digitais, reduzindo ainda mais a disponibilidade de imóveis tanto avulsos quanto recém-lançados para venda no mercado tradicional”, explica Pereira.
O delegado do Creci-RJ traz outro fator: a locação de longo prazo. “Com os juros altos, muitos investidores têm migrado da venda para a locação, enxergando nesse modelo uma forma mais interessante de rentabilizar seus ativos. Em várias regiões, o retorno do capital investido com aluguel já supera 0,5%, o que, em alguns casos, se mostra mais atrativo do que a própria renda fixa. Isso tem tornado a locação um destino preferencial para imóveis que antes estariam à venda, pressionando ainda mais o já limitado estoque disponível”, considera Pereira.
Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio (Sindicato da Habitação), confirma o cenário, mas, para ele, o número não é alarmante, pois o mercado imobiliário carioca se ajusta. “O Rio começou o ano bem aquecido, apesar dos juros mais altos (atualmente a Selic – taxa básica – está em 14,75% ao ano). Então, o setor se renova. E o segmento de aluguel também sempre acaba sendo uma alternativa”, comenta Schneider. Já com relação à Barra, ele concorda que os lançamentos diminuíram, levando em consideração estudos do Secovi Rio. Para ele, isso acontece porque há outras vertentes de novos projetos na cidade.
“A região do Centro é uma delas, bem como a Zona Sul, que está muito focada em apartamentos compactos, além da Zona Norte. Isso deixa a cidade mais heterogênea, o que é um ponto positivo. Por outro lado, a escassez de oferta pode fazer com que o preço aumente, pois a Barra é sempre desejada”, ressalta Schneider.
A coluna também ouviu executivos do setor. Confira a opinião deles:
Gabriel Fidalgo, diretor Comercial da Patrimar Rio de Janeiro
“Acredito que a gente tem dois pontos chaves para o desenvolvimento do mercado imobiliário no Rio, e principalmente na Barra, que é onde a Patrimar está bem concentrada e fez grandes lançamentos. Primeiro, precisamos de mais agilidade nas aprovações dos novos projetos. Ainda existe um processo muito longo, que a por muitos órgãos, tornando a aprovação mais demorada em alguns casos. Com isso, o ciclo do momento que a construtora compra o terreno até o lançamento é bem longo, podendo durar mais de um ano. Diminuindo o tempo dessa etapa de aprovação, teremos mais lançamentos e reduziremos a falta de imóveis no Rio de Janeiro.
Outro ponto fundamental hoje na cidade é a questão da mobilidade. Na Barra da Tijuca, por exemplo, temos um metrô que vai somente até o Jardim Oceânico. O bairro é atendido praticamente pelo BRT, mas é pouco. É preciso realmente que o metrô se desenvolva, vá até outras áreas na Barra. Com essa mobilidade urbana mais ampla, poderemos desenvolver o bairro e outras regiões da cidade”.
Eric Labes, CEO da Start Investimentos, que tem projetos na Barra e no Recreio
“Os anos de 2021, 2022 e 2003 foram de muitas vendas no mercado imobiliário. Depois, os juros começaram a subir e as vendas diminuíram, assim como os lançamentos. Acredito que, como a taxa permanece alta, teremos poucos lançamentos até o final desse ano e o estoque vai quase zerar. E a partir de 2026, com os próximos empreendimentos, os preços vão subir bem. Como o estoque estará baixo, haverá mais procura do que oferta. Mesmo assim, acredito que, se tudo correr bem e esses juros caírem, a partir do próximo ano e com os novos projetos com força no mercado, teremos um ciclo importante do setor”.
Marco Adnet, sócio-diretor da Konek Transformação imobiliária
“Há muito investimento em grandes projetos ainda para serem lançados, abastecendo o mercado de todas as tipologias. O empreendimento Ilha Pura, por exemplo, se destaca por suas áreas comuns reformuladas e preços competitivos nos lançamentos, destravando o preço que estava estagnado e que agora está se ajustando à realidade do mercado. A demanda crescente é impulsionada também pela migração financeira para imóveis rentáveis, como estúdios compactos na Zona Sul e Centro. Além disso, o programa Minha Casa, Minha Vida foi adaptado para incluir empreendimentos até R$ 500 mil, oferecendo condições atrativas para a classe média. Esse cenário resulta em baixo estoque e bons resultados financeiros para as construtoras”.

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