Suyani Breschak e Júlia Cathermol estiveram na segunda audiênciaReprodução

Rio - O Tribunal de Justiça do Rio ouviu, nesta segunda-feira (19), nove testemunhas na audiência de instrução e julgamento referente à morte do empresário Luiz Marcelo Ormond, envenenado após comer um brigadeirão, em maio de 2024. As rés Júlia Andrade Cathermol Pimenta e Suyany Breschak compareceram, mas não prestaram depoimento.
Uma mulher apontada como "segunda mãe" do empresário se emocionou durante a oitiva ao descrever Luiz como um homem reservado e de poucas palavras. Além disso, pontuou que torcia pelo sucesso do relacionamento entre ele e Júlia. Já um primo da vítima afirmou que, mesmo após a morte, a ré continuou utilizando o celular dele.
O advogado Cláudio Dalledone, que representa Suyany, apontada como a mentora intelectual do crime, voltou a negar a participação da cliente no caso e destacou que ela não foi citada pelas testemunhas. "Ela não mandou, não participou e não sabia de nada. Tudo gira em torno da relação entre a vítima e a outra acusada", disse.
A defesa ainda voltou a requerer o aos dados telemáticos dos telefones das duas rés com objetivo de extrair informações do crime. Em abril, o juízo da 4ª Vara Criminal da Capital determinou que o material deve ser entregue pela Polícia Civil, atendendo a um pedido dos advogados que representam Suyany com parecer favorável do Ministério Público do Rio. 
Após a audiência, a defesa de Júlia reafirmou a inocência da ré e declarou que os depoimentos das testemunhas demonstrou a "inconsistência da acusação". De acordo com a equipe jurídica formada pelas advogadas Flávia Fróes e Hortencia Menezes, a condição financeira da acusada era "infinitamente superior" à de Luiz, pontuando que ela não se relacionava com a vítima por motivações ligadas ao dinheiro.
Por fim, o juízo marcou uma nova audiência para o dia 30 de junho para ouvir duas testemunhas de acusação que não depam nesta segunda-feira, além das de defesa.
No inicio de abril, a primeira audiência foi interrompida porque as rés não compareceram ao Tribunal de Justiça. Procurada, a Secretaria de Estado de istração Penitenciária (Seap) citou um atraso na chegada de Júlia e Suyany, que já estavam no prédio do TJRJ quando a audiência foi suspensa. O motivo da chegada além do horário não foi explicado. Na ocasião, delegado Marcos André Buss, titular da 25ª DP (Engenho Novo), que investigou o caso, foi o único a ter o depoimento colhido. 
O caso
Segundo as investigações da Polícia Civil, Luiz Marcelo morreu envenenado após comer um 'brigadeirão' feito por Júlia, sua namorada. A apuração da 25ª DP (Engenho Novo) concluiu que o crime teve motivação financeira, já que a acusada tinha uma dívida de R$ 600 mil com a cigana Suyany Breschak, por trabalhos espirituais contratados pela psicóloga.
A investigação apontou que Júlia deu o doce com 50 comprimidos moídos de Dimorf de 30mg, um remédio controlado, para o namorado. Imagens do circuito interno de segurança do prédio onde o empresário morava, no Engenho Novo, Zona Norte, mostram, no dia 17 de maio, ele sonolento ao conversar com a acusada. Para a polícia, ele já tinha sido envenenado. Exames feitos pelo Instituto Médico Legal (IML) confirmaram a presença de morfina e outras substâncias no corpo da vítima.
A polícia apontou ainda que Suyany, considerada a mandante do crime, foi beneficiária de todos os bens furtados do empresário e recebeu o carro dele como parte do pagamento da dívida. O veículo da vítima foi encontrado em Cabo Frio, na Região dos Lagos, após ter sido vendido por R$ 75 mil, e recuperado, junto com outros bens. O homem que dirigia o veículo foi preso por receptação. Com ele, os agentes localizaram o celular e o computador da vítima.
Júlia, que está presa desde junho do ano ado, responde pelos crimes de homicídio por motivo torpe com emprego de veneno e com uso de traição ou emboscada, por estelionato, associação criminosa, falsidade ideológica, fraude processual e uso de documento falso. Ela também foi indiciada por se apropriar dos bens do empresário e por vender suar armas.
Suyany, presa desde maio de 2024, responde pelos mesmos crimes da psicóloga, menos o uso de documentos falsos. Considerada a mandante do assassinato, a cigana teria instruído Júlia a ministrar o medicamento, além de ter descoberto como adquirir os comprimidos inseridos no 'brigadeirão'.