Cerca de 40 funcionários foram demitidos por justa causa, após faltarem trabalhoReprodulção/Redes Sociais
Sem salários, funcionários de mercado na Gamboa são demitidos após faltarem trabalho
Trabalhadores do MultiMarket foram surpreendidos ao sofrerem justa causa. Sindicato pretende ajuizar ação coletiva
Rio - Funcionários de uma loja do MultiMarket denunciam terem sido demitidos por justa causa, após faltarem ao trabalho por atraso nos pagamentos dos salários. Os trabalhadores do estabelecimento, que fica na Rua Sacadura Cabral, na Gamboa, Zona Portuária do Rio, foram surpreendidos nesta terça-feira (13), depois do estabelecimento ter ficado de porta fechadas no último fim de semana.
De acordo com o Sindicato dos Comerciários do Rio (SEC-RJ), na última sexta-feira (9), cerca de 40 funcionários não foram trabalhar, por conta do atraso no pagamento do salário referente ao mês de abril. Os trabalhadores relataram que a empresa comunicou que não funcionaria no sábado (10) e domingo (11) e, ao retornarem na segunda-feira (12), foram informados sobre uma reunião no dia seguinte. Na terça-feira, no entanto, quando chegaram, souberam da demissão por justa causa.
A atendente de caixa Camila Souza, de 31 anos, diz que trabalhava no mercado há pouco mais de quatro anos e que acumulava funções na cozinha e nos serviços de açougue, padaria, laticínios e mercearia. Ela afirma que os funcionários decidiram pela paralisação porque não era a primeira vez que os pagamentos do salário e outros benefícios atrasaram.
"Não é a primeira vez que o salário atrasa. Mas dessa vez, decidimos parar na sexta-feira para reivindicar nosso salário de abril, que estava atrasado há dois dias (...) A situação já era precária de se trabalhar, cadeiras quebradas, os funcionários tinham que comprar os materiais usados para trabalhar, porque a empresa não fornecia, como grampeador, canetas, cadernos. Era nos dado uma blusa e avisado que se danificasse, teríamos que pagar outra do nosso bolso. agem atrasada e se o funcionário faltasse era descontado, férias não pagas, e se pagas, somente 10 a 15 dias após o funcionário já estar de férias, folgas pendentes, dissídio pendente".
Ainda segundo a funcionária, os trabalhadores não tinham contato com os donos e as informações da central, onde eles atuavam, eram readas pelos gerentes. Entretanto, ela diz que recebiam respostas apenas de que tinham que esperar e que seriam avisados quando os pagamentos fossem feitos. "Tinha que esperar até o dia que eles decidissem pagar", revelou Camila, que lamentou a demissão por ter reivindicado seus direitos.
"Desvalorização e injustiça. O salário é constitucional, não é crime lutar pelo que é nosso de direito. Muitos pais e mães com aluguéis atrasados, início do mês e muitos funcionários contando com o salário para prover o alimento para dentro de sua casa, pagar suas contas, e simplesmente não tiveram o mínimo de respeito e valorização do funcionário", desabafou.
O SEC-RJ vai realizar uma reunião com todos os funcionários, na próxima segunda-feira (19), para discutir o encaminhamento às ações judiciais e planeja distribuir cestas básicas para os trabalhadores. "Nosso jurídico já acionou a empresa, já estamos vendo a possibilidade de ajuizar ação coletiva contra eles nesse quesito, porque não cabe os trabalhadores se revoltarem por não pagamento de salário e isso ser motivo para demissão por justa causa em massa (...) Não tem margem alguma para se constituir justa causa, é uma posição absurda", disse o presidente do sindicato, Márcio Ayer.
Ainda de acordo com o presidente, no ano ado o sindicato já havia ajuizado uma ação contra o mercado, por não pagar os reajustes dos trabalhadores, que ainda está em curso. Para Camila, a expectativa é de que os salários e benefícios sejam pagos imediatamente e que a motivação da demissão seja revertida.
"Pagamento imediato de todos os direitos, salários, férias, dissídio, rescisões e multas, retratação pública da falsa justa causa, investigação pelo MPT sobre as condições análogas a trabalho escravo. Estamos com o sindicato na luta pelo nossos direitos. Tudo lá é muito errado e se cobrar era motivo de ser tratada com desdenho depois ou com a justa causa retaliatória como aconteceu", declarou a funcionária.
A reportagem do DIA tenta contato com os donos do mercado e com a rede MultiMarket. O espaço está aberto para manifestação.
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