Jairinho pode ter influenciado equipe médica a não relatar agressões à criança, diz polícia
Equipe de hospital público não teria relatado ferimentos às autoridades, em 2015. Polícia pede que conduta seja apurada. Fratura de fêmur da criança, na época com 3 anos, fez Jairo de Souza ser indiciado pela terceira vez, no crime de tortura
Criança foi agredida por Doutor Jairinho, segundo a polícia. Foto, de 2015,mostra menino engessado após ter fraturado o fêmurReprodução
Por Bruna Fantti
Rio - A Polícia Civil enviou um ofício à Secretaria Municipal de Saúde para que a paste apure a falta de comunicação da equipe do Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, às autoridades policiais, no dia 10 de março de 2015. Na ocasião, o menino E; de 3 anos, foi socorrido com hematomas nas bochechas, glúteos assados, além de ter o fêmur direito fraturado. Os ferimentos, típicos de agressões, teriam sido provocados por Jairo de Souza, o Dr. Jairinho, dentro do veículo do vereador, de acordo com investigação. O garotinho era filho de sua ex-namorada, Débora Saraiva.
Conforme O DIA noticiou ontem, com exclusividade, o casal foi indiciado dentro da Lei da Tortura - a mãe, por omissão. Além disso, a dupla foi acusada de falsidade ideológica, já que declararam, em documento público, informações falsas: eles alegaram que o menino tinha sofrido um acidente automobilístico.
No relatório final do caso, a Polícia Civil aponta que Jairo pode ter usado da sua influência para que o caso não fosse levado à polícia. Isso porque, assim que a criança se machucou, Débora quis levar o filho em uma clínica particular, mas Jairo insistiu que a criança fosse assistida no hospital público. "Na condição de Vereador do município e "poderoso" poderia manipular os profissionais, não restando claro como isso ocorreu ou se de fato ocorreu, todavia, a equipe médica que tem o dever legal de comunicar tais fatos às autoridades não o fez", diz trecho do documento.
Apesar da falta da comunicação, o médico registrou os ferimentos da criança. E, uma psicóloga anotou que ele chorava muito e tinha pavor de retornar ao carro, onde até vomitou. Isso, em somente 15 minutos em que esteve no veículo, sozinho, com Jairo.
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Por conta da fratura, a criança ficou imobilizada com gesso, em ambas as pernas. A defesa de Jairo Souza não quis se manifestar antes de ter o ao inquérito. Débora não foi encontrada mas, em seus depoimentos, afirmou que ela mesmo tinha muito medo do vereador e, por isso, não relatou pelo menos quatro agressões que sofrera.
Laudo: ação contundente
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Um laudo produzido pelo Instituto Médico Legal (IML) ajudou a polícia a indiciar Jairinho por tortura majorada ao filho de Débora, que atualmente tem 10 anos. Essa seria a terceira criança que ele teria torturado.
O documento foi produzido a pedido da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav) e constatou: a ação que fraturou o fêmur da criança foi provocada por meio contundente.
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No chamado Exame de Corpo de Delito Indireto, que é feito baseado em exames clínicos e não diretamente na vítima, devido ao tempo transcorrido, a diretora do IML, Mônica Vasconcellos, afirmou que a lesão no fêmur é compatível ao tempo do evento alegado e que resultou em incapacidade motora temporária da criança -- de fato, o menino ficou imobilizado por dois meses.
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