Irã comanda há décadas o eixo de resistência islâmica a IsraelHussein Faleh/AFP
Para especialistas ouvidos pela Agência Brasil, as origens do conflito entre Israel e Irã estão na disputa pela ampliação das esferas de influência no Oriente Médio. De um lado, um país cercado de inimigos que tem colonizado territórios de palestinos e é acusado de cometer genocídio na Faixa de Gaza. De outro, um país muçulmano xiita que ou décadas financiando grupos contrários ao Estado israelense.
O professor de Geopolítica da Escola Superior de Guerra (ESG) Ronaldo Carmona ressalta que Israel encontrou uma janela de oportunidades para debilitar o Irã, mesmo com dificuldades internas no governo de Benjamin Netanyahu. Ele ressalta que o país tem um projeto expansionista no Oriente Médio.
“O que a gente pode concluir dessa situação toda é que exatamente o Netanyahu está observando essa janela de oportunidades para realizar o seu projeto do Grande Israel, ou seja, de uma expansão territorial de Israel e de enfraquecimento dos seus adversários em todo o Oriente Médio. Ele está levando a cabo esse projeto, ainda que numa situação política precária”, explica Carmona.
“A destruição da capacidade do Hezbollah no sul do Líbano e, posteriormente, em combinação com a Turquia um movimento que derrubou o governo de Assad na Síria. No meio de tudo isso, trocas de tiros e de bombas entre Israel e Irã duas vezes antes do conflito atual e o acidente de helicóptero bastante atípico que matou o presidente iraniano em 2024. Tudo isso criou uma janela de oportunidades para Netanyahu agir enquanto está enfraquecido internamente”, acrescenta.
Capacidade nuclear
Um dia depois, na sexta-feira, 13, Israel atacou o país persa danificando instalações nucleares e fábricas de armamentos, matando altos militares e cientistas do país. O Irã prometeu retaliar Israel, agravando a crise no Oriente Médio.
Guerra de versões
Por outro lado, o Irã é signatário do TNP e nega que tenha violado compromissos com a AIEA. Segundo Teerã, a agência realiza uma campanha “politicamente motivada” e guiada por Grã-Bretanha, França, Alemanha e Estados Unidos, “sob influência de Israel”.
“A AIEA tem mais visitas ao Irã do que todos os países somados. O Irã permite a inspeção e tem um compromisso diplomático desde 2015 de não desenvolver armas nucleares, mas usar a tecnologia para fins específicos, como o desenvolvimento de radioisótopos para a medicina nuclear”, diz o jornalista e cientista político Bruno Rocha Lima, especializado em Oriente Médio.
“Quem nunca assinou o TNP e nunca foi fiscalizado é Israel. O general Colin Powell, que comandou a primeira invasão ao Iraque [em 2003] e era de confiança da Família Bush, diz que Israel deve ter cerca de 200 ogivas [nucleares] com mísseis”, acrescenta.
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