Sob comando de Renato Gaúcho, o Fluminense avançou às oitavas de final no Mané GarrinchaMarcelo Gonçalves / Fluminense FC
Renato Gaúcho critica calendário e destaca desgaste 'muito grande' no Fluminense
Técnico comentou as cobranças da torcida e analisou a atuação da equipe na goleada por 4 a 1 sobre a Aparecidense-GO, pela Copa do Brasil
Brasília - Técnico do Fluminense, Renato Gaúcho criticou o calendário do futebol brasileiro após a goleada por 4 a 1 sobre a Aparecidense-GO, nesta quarta-feira (21), pela Copa do Brasil, no Mané Garrincha. Ele garantiu entender a cobrança da torcida por um melhor desempenho, mas reforçou que esbarra no desgaste dos jogadores em meio à maratona de jogos. Com o resultado, o Tricolor avançou às oitavas de final.
"O Brasil está com carência de jogadores decisivos. Por isso o futebol está nivelado. Para a Aparecidense, era uma Copa do Mundo. Deixei isso claro ao meu grupo. Baixamos a intensidade no início, tomamos o gol e precisamos correr atrás. Graças a Deus conseguimos virar, mas nem sempre vamos. É só o Fluminense que está devendo? Sei que precisamos melhorar, mas o importante agora são os resultados. Se fosse só meu time devendo a intensidade, estaria preocupado. Mas não é", ponderou o treinador.
"Temos visto o que está acontecendo, a dificuldade que as equipes tem ado. O futebol brasileiro está muito nivelado. E quando falo isso, vocês estão entendendo. Ontem o Grêmio saiu. Hoje, o Fortaleza. Vimos o Vasco como ou. Não tem jogo fácil. O problema é que todos querem ver espetáculo. Mas não é mais assim. Desde que cheguei, não tivemos nenhuma semana cheia. A cada três dias tem um jogo decisivo, importante. Não tem tempo para trabalhar, o desgaste é muito grande. Estávamos em Caxias do Sul, agora em Brasília. Vai ficar difícil de ver futebol bonito sem tempo para trabalhar e, principalmente, com o desgaste do time", destacou.
O comandante também analisou a importância do resultado antes de enfrentar o Vasco, sábado (24), no Maracanã, pela décima rodada do Campeonato Brasileiro: "A vitória é sempre importante no futebol. Dá uma confiança maior ao grupo. Temos o clássico, mas tínhamos que estar com a cabeça aqui hoje para buscar a classificação".
Agora, o Fluminense aguarda o fim da terceira fase e, posteriormente, o sorteio, para saber quem enfrentará nas oitavas de final.
. Cobrança da torcida: "O torcedor tem razão (quanto à postura do time). Por outro lado, defendo o grupo pelo desgaste. Não dá para fazer marcação pressão durante 90 minutos, ninguém aguenta. Tenho colocado jogadores que pedem para sair no intervalo porque não aguentam mais correr. Aí mudo meio time, não consigo a classificação, é difícil agradar todo mundo. No momento, o mais importante é o resultado. Entendo o que estão cobrando, também cobro diariamente. Mas não adianta querer cobrar com o desgaste do time. O calendário desgasta qualquer clube no Brasil. Ou as pessoas entendem isso, ou não entendem. Cobrar é uma coisa, querer, também, mas ter condições de fazer é outra totalmente diferente".
. Planejamento para o Mundial: "É difícil. Se eu mudo muito o time, perdemos entrosamento e qualidade. Quatro grandes clubes vão disputar o Mundial. O restante, vai ter férias praticamente. Na volta, vão poder se reorganizar enquanto jogamos o Mundial. Todos vão cobrar de novo. Estaremos trabalhando enquanto outros vão estar de férias. Ninguém tem mais paciência. Querem ver o futebol bonito, o time ganhar. A exigência está muito grande. É difícil trabalhar assim".
. Venda de mando: "Eu sou empregado do clube, não decido nada. Para mim foi ótimo, jogamos aqui praticamente em casa. Mas eu cumpro ordens, o que precisa mudar são as decisões na CBF. Se tem essa brecha, os clubes aproveitam para arrecadar dinheiro. Onde me mandarem jogar, tenho que ir. Quanto mais vantagens tivermos melhor. Mas não acontece só com o Fluminense não".
. Renato Augusto: "Quando eu cheguei no Fluminense já tinha esse zum-zum-zum de que poderia parar de jogar. Eu não estava acreditando muito, então ele foi levando, eu comecei a dar oportunidades. Era um jogador importante, inteligente, bem acima da média. Nos seis anos mostrou o valor e a capacidade dele. Fiquei triste, falei com ele ontem, mas praticamente já tinha me buzinado no ouvido que iria parar. Perguntei por que, ele falou que não estava aguentando mais as lesões. Estava um pouco estressado com as coisas, precisando descansar. Eu ainda falei: 'pensou direito?', 'repensa, você vai fazer falta para o futebol'. Ele disse: 'não, não. Pensei bastante, parei para pensar com a minha família e está decidido'. Infelizmente, é mais um jogador acima da média, que parou no Brasil, que muita gente não vai sentir falta porque não vem tendo sequência, mas eu vou sentir, pela qualidade que tem".
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