Jogadores do Botafogo reunidos no gramado do Nilton SantosVítor Silva / Botafogo

Rio - Poucos meses depois de viver uma temporada histórica, com a conquista dos títulos do Brasileirão e da Libertadores, o Botafogo a por um novo cenário e já precisa reconquistar os torcedores. O Glorioso soma atuações fracas neste início de 2025 e não conseguiu ser competitivo nos confrontos decisivos diante de Flamengo e Racing, pela Supercopa Rei e Recopa Sul-Americana, respectivamente.
Como consequência, o Alvinegro foi vice nas duas competições. Além disso, não conquistará nenhum troféu no Estadual, já que sequer garantiu vaga para disputar a Taça Rio.
Faixa da torcida do Botafogo no Estádio Nilton Santos - Vítor Silva/Botafogo
Faixa da torcida do Botafogo no Estádio Nilton SantosVítor Silva/Botafogo
O cenário, claro, traz incômodo nos bastidores. Após a derrota para o Racing por 2 a 0, John Textor foi visto conversando com os jogadores ainda no gramado. Lá, o acionista majoritário da SAF deixou claro que não gostou de ver outra equipe comemorar um título no Estádio Nilton Santos.
"Eu nunca ouvi alguém comemorar em nossa casa daquele jeito Eu não gostei. (Mas) Eles merecem, eles nos superaram. Eu queria ter certeza de que nossos jogadores estavam profundamente imersos em seus pensamentos, eu queria ter certeza de que eles abrissem seus ouvidos. Que eles abrissem seus corações e que escutassem ao que foi um som doloroso. Isso nunca aconteceu em nosso campo. Eles sabem disso", disse Textor, na zona mista do estádio, após a partida.
Durante a partida, as câmeras de transmissão da ESPN flagraram a frustração do americano com o segundo gol da equipe argentina. Logo na sequência, ele saiu da área externa do camarote.
Alexander Barboza, que foi um dos destaques no Botafogo na temporada 2024, também não escondeu a frustração pelo vice-campeonato da Recopa em pleno Nilton Santos.
"O sentimento é muito ruim, muito feio. Perdemos uma final em casa. Isso é horrível. A única forma de enfrentar isso é trabalhar. Temos alguns dias para descansar, para acertar a cabeça, para não pensar no futebol. E quando voltarmos a treinar, manter o foco no Palmeiras, que é o nosso primeiro jogo no Brasileiro", ressaltou Barboza.
Alexander Barboza em Botafogo x Racing - AFP
Alexander Barboza em Botafogo x RacingAFP

Protestos da torcida

Durante a etapa complementar, quando o Racing fez os dois gols do jogo, alguns torcedores começaram a deixar o estádio. Já um grupo estendeu faixas contrárias à ideia de planejamento de Textor, que indicou a importância da temporada apenas a partir de abril. 
Seguranças e policiais tentaram impedir a manifestação, rasgaram os cartazes, o que gerou um confronto. Na entrevista que concedeu na última sexta-feira (28), um dia depois do jogo, Textor reprovou a ação dos agentes e itiu que ficou chocado com os protestos.
"Eu acho realmente patético que eu esteja recebendo mensagens de ódio. E estou. Há uma porcentagem de todos nós na humanidade que fica emocionado e fica extremo. Mas isso não me afeta, eu não me importo. Eu me importo com as pessoas. Fizemos coisas boas para esse clube, confio nisso. Não quero suprimir essa emoção, mas esteja preparado, é uma via de mão dupla. Se as pessoas não ficassem tão irritadas, eu diria que é cômico", afirmou.

Novo comando

Renato Paiva e John Textor  - Vitor Silva / Botafogo
Renato Paiva e John Textor Vitor Silva / Botafogo
Para tentar reencontrar os caminhos das vitórias, Textor finalmente acertou a contratação de um novo treinador. Após mais de 50 dias de buscas, o Botafogo anunciou a contratação do português Renato Paiva, que terá um mês pela frente até o próximo jogo do time, no Brasileirão, contra o Palmeiras.
"O importante agora é que os jogadores, a partir de terça-feira, percebam as nossas ideias, que as entendam e que as consigam por em prática no campo. Primeiro no treino, porque acredito muito no treino. Aliás, só acredito no treino. E depois, a partir daí, fazer essa transferência para o jogo", afirmou Paiva, na coletiva de apresentação.
"Estou convencido que vai ser fácil para eles. Eles já conseguiram fazer. Como você disse, eles foram um grupo que sofria poucos gols. Então, nós vamos trazer de volta essa organização defensiva também, sem perder aquilo que é o DNA deste clube, que é atacar, atacar e a busca constante pelo gol adversário", completou.