Rio - O meia Damían Bobadilla, de 23 anos, que defende o São Paulo, divulgou um vídeo pedindo desculpas ao lateral-esquerdo Miguel Navarro, do Talleres, após a acusação feita pelo venezuelano de xenofobia. O paraguaio afirmou que foi ofendido primeiramente, mas reconheceu seu equívoco.
Bobadilla, do São Paulo, se pronuncia. O paraguaio afirma que foi ofendido primeiro, mas pede desculpas pelo erro:
"Nunca quis discriminar ninguém, mas acabei reagindo mal. Queria me desculpar publicamente e pedirei desculpa (a Navarro) se encontrá-lo." pic.twitter.com/a8HSvYMZga
"Nunca quis discriminar ninguém, mas acabei reagindo mal. Queria me desculpar publicamente e pedirei desculpa (a Navarro) se encontrá-lo", afirmou o jogador do São Paulo.
A situação aconteceu no fim do segundo tempo da vitória do clube paulista sobre o Talleres por 2 a 1, na última terça-feira, no Morumbi, pela fase de grupos da Libertadores. Nos momentos finais, uma confusão foi iniciada, com jogadores se manifestando em tom de cobrança contra Bobadilla. Navarro tentou deixar o campo, mas foi impedido pelo árbitro chileno Piero Maza.
O jogador, que chorava, permaneceu no campo até o fim da partida Ao sair, concedeu entrevista para a transmissão de TV, mas foi sucinto. "Não quero falar, ele sabe o que disse. Foi com Bobadilla. Não quero falar do jogo", disse.
"Queria eu ter, em minhas mãos, a solução da fome que vive meu país. Espero que Deus me dê abundância para poder ajudar. Não creio que possa fazer muito contra a pobreza mental. Nunca me envergonharei das minhas raízes. Vou até as últimas consequências contra o ato de xenofobia que vivi hoje no Brasil por parte de Damían Bobadilla. No futebol, não há espaço para discursos de ódio", escreveu Navarro em seu Instagram.
O lateral-direito Augusto Schott e o técnico interino Mariano Levisman lamentaram a situação. "Quero falar sobre o racismo que sofremos. Talvez doa o dobro porque estamos aqui onde se promove muito contra o racismo. Um companheiro nosso está muito triste. Não quero deixar ar isso", lastimou o jogador.
Navarro foi ao Juizado Especial Criminal do MorumBis para registro de ocorrência. Ele relatou aos policiais ter sido chamado de "venezuelano morto de fome". O caso também será apurado pela Conmebol.
O clube argentino publicou uma nota em apoio ao atleta. "Nós nos solidarizamos profundamente com Miguel e sua família neste momento. Como instituição, nos manifestamos contra qualquer forma de discriminação. Não há lugar para ódio no futebol", diz um trecho.
Integrante do mesmo grupo que São Paulo e Talleres na Libertadores, o Alianza Lima teve o desfalque de Pablo Cepellini recentemente. O uruguaio foi suspenso por quatro meses por chamar pejorativamente de "boliviano" um adversário do Boca Juniors.
Na entrevista coletiva, o técnico do São Paulo, Luis Zubeldía, desconversou sobre o assunto. O argentino reclamou por ter sido questionado sobre o tema e disse que preferia falar sobre a classificação às oitavas da Libertadores.
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