Vereador Leniel Borel (Progressistas)Guilherme Nery/CMRJ

Leniel Borel (Progressistas) preside a Comissão Especial de Combate à Violência Infantil, é vice-presidente das Comissões dos Direitos da Criança e do Adolescente e de Prevenção às Drogas, e criou a Frente Parlamentar pela Vida e pela Família da Câmara Municipal do Rio. Engenheiro, ex-oficial da Marinha Mercante e pai de Henry Borel, morto aos 4 anos, seu mandato tem a prioridade de defender a infância. É autor da Lei Henry Borel, primeiro marco legal para proteger crianças contra a violência doméstica e familiar no país.

SIDNEY: Qual o seu principal objetivo quando decidiu entrar para a política?
LENIEL BOREL: A minha entrada na política não foi planejada, foi forjada pela dor. Quando meu filho, Henry Borel, foi brutalmente assassinado, meu mundo desabou e a vida perdeu a graça. Em vez de me calar, escolhi lutar e transformar a dor em amor. Vi que o sistema não protege as crianças como deveria, e decidi transformar essa tragédia pessoal em uma missão de vida: proteger outras crianças da violência e lutar por um país mais justo. Hoje, meu mandato é essa ponte entre a indignação de tantas famílias que não aguentam mais tanta violência e a ação concreta que pode salvar vidas. Cada o que dou na política é pensando em garantir que nenhum pai precise ar pelo que eu ei, porque quando um pai perde um filho, todo pai perde um pouco de si também.

O senhor participa de comissões ligadas a crianças e adolescentes. Quais os crimes mais praticados contra eles? O que as comissões têm feito?

Infelizmente, os casos mais recorrentes envolvem violência doméstica e familiar, muitas vezes praticadas dentro da própria casa — lugar que deveria ser o mais seguro para qualquer criança. São agressões físicas, abusos sexuais, negligência, abandono, exploração e outras formas de violência, tanto por ação quanto por omissão. Hoje, qualquer conduta que cause morte, lesão, sofrimento físico, psicológico, sexual ou até dano patrimonial contra crianças e adolescentes é considerada violência, e precisa ser combatida com firmeza. As comissões das quais faço parte — e, especialmente, a Comissão Especial de Combate à Violência Infantil, que tenho a honra de presidir — têm atuado de forma muito ativa. Realizamos visitas técnicas a escolas, cobramos respostas de Secretarias e estamos construindo pontes com o Ministério Público e outros órgãos para garantir que as ações sejam cumpridas de forma concreta. Nosso objetivo é muito claro: proteger a infância com ações concretas, porque esse é um compromisso que o meu mandato carrega todos os dias.

A sua rede social traz alertas sobre os perigos da internet para os menores de idade. Quais os conselhos que o senhor dá aos pais?

A internet é uma ferramenta poderosa, mas também um território onde a violência contra crianças e adolescentes se manifesta de forma silenciosa. Aliciação, exposição a conteúdos impróprios, desafios perigosos, crimes cibernéticos — tudo isso pode estar a um clique de distância. Por isso, sempre repito: o maior filtro de proteção não está no celular, mas na relação que os pais constroem com os filhos. Estejam presentes, conversem, estabeleçam vínculos de confiança. Participem do universo digital das crianças com atenção e diálogo. A escola e a família têm o dever de colaborar na educação e proteção das crianças, de modo a promover o desenvolvimento integral — inclusive no ambiente virtual. Estejam presentes, conversem, participem do universo deles.

Quais os objetivos da Associação Henry Borel?

A Associação Henry Borel é um braço da minha missão. Criamos esse espaço para oferecer apoio psicológico, orientação jurídica e acolhimento a famílias que enfrentam a dor da violência contra seus filhos. Ela também atua na formação de profissionais da rede de proteção, em campanhas educativas, na garantia de direitos e no incentivo a denúncias. O Instituto representa aquilo que me move todos os dias: transformar a dor em amor. O nome do meu filho agora também é sinônimo de esperança, justiça e resistência.

O senhor é acusado de agressão e "estelionato amoroso" contra uma advogada de 66 anos. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

Trata-se de acusação infundada e que já foi desmontada pela Justiça. O Ministério Público já afirmou com todas as letras que não há qualquer indício de relação íntima entre mim e a denunciante — o que por si só já afasta a aplicação da Lei Maria da Penha. Além disso, o promotor apontou erros gravíssimos no procedimento, que nasceu já com vício de origem, durante o período eleitoral, claramente com o objetivo de prejudicar a minha imagem. O próprio promotor recomendou a extinção do feito. A verdade prevalece. Não vão me calar com ataques infundados. Ninguém vai conseguir parar um pai que luta por justiça pelo seu filho, e que hoje luta por milhares, senão, milhões de crianças brasileiras.

Qual é a punição que o senhor espera para os acusados pela morte do seu filho Henry?

Eu espero que a justiça seja feita na proporção da brutalidade que Monique e Jairo fizeram. Não busco vingança, busco justiça! Todos que deveriam proteger meu filho e não fizeram isso, precisam ser responsabilizados. O que foi feito ao nosso anjo Henry Borel: uma criança indefesa, assassinada por quem deveria protegê-la. São quatro anos sem julgamento, mesmo com laudos, provas, perícias. Isso fere não só a mim, mas a todo o país. A punição precisa ser exemplar, não por ódio, mas por justiça. A justiça que não vem para uma criança é a violência que se repete em muitas outras. E eu estarei aqui, todos os dias, cobrando por ela. Por Henry e por todas as crianças que não podem falar por si.