Em apenas duas semanas, mais de três mil cães e gatos foram vacinados contra a raiva e quase dois mil animais receberam microchips de identificação, de forma totalmente gratuita. Esse é o saldo inicial do Animal Cidadão, programa da Secretaria Municipal de Proteção e Defesa dos Animais do Rio de Janeiro, lançado no último dia 29 de abril. A ação vem percorrendo bairros e favelas da cidade com serviços essenciais, especialmente voltados aos tutores de baixa renda.
Com atendimento itinerante e duas unidades fixas, o programa se propõe a garantir saúde, segurança e dignidade aos animais cariocas. Através da vacinação antirrábica, da microchipagem, da conscientização sobre zoonoses e do o gratuito à castração, a prefeitura promove também um trabalho de educação e prevenção. “A finalidade deste programa é democratizar os serviços veterinários. O Animal Cidadão foi pensado para dar dignidade aos animais da cidade. Estamos oferecendo gratuitamente serviços essenciais, que custam caro na rede particular. Nossa finalidade é ajudar os tutores de baixa renda, que não podem pagar para tratar de seus animais”, afirma Luiz Ramos Filho, secretário municipal de Proteção e Defesa dos Animais.
Presença nas comunidades
Até o momento, o programa já esteve em 11 localidades. A primeira ação ocorreu na Vila do João, no Complexo da Maré, onde 525 animais foram vacinados e 170 microchipados. Em cada edição do programa, ao menos cem animais recebem o chip de identificação, o que tem garantido resultados rápidos e abrangentes.
Na terça-feira (13/05), o programa esteve na Praça Bélgica, em Guadalupe. Dois dias depois, na quinta (15/05), a ação aconteceu na Praça do Bino, em Santa Cruz, na zona oeste. A cada local visitado, filas se formam logo cedo, com tutores levando seus pets em busca de cuidado e proteção. “Nosso objetivo é levar aos bairros e favelas da cidade a vacinação antirrábica, a microchipagem, a conscientização, o o à castração e a informações sobre zoonoses”, explica Ramos Filho.
Tutores aprovam a iniciativa
Moradora da zona norte, a vendedora Jaqueline Souza Lucas levou sua cadelinha Chiara, uma shih-tzu de oito meses, para participar da ação. “A Chiara é bem levada. Ela gosta muito de fugir de casa, brincar de se esconder, para o meu desespero. Agora fico mais tranquila, porque, se ela se perder, está microchipada e será facilmente identificada”, conta Jaqueline, aliviada com a segurança trazida pelo chip.
A história de Jaqueline representa a de muitos tutores que, por falta de recursos, nunca haviam conseguido ar serviços veterinários básicos. O programa preenche essa lacuna histórica, atendendo regiões tradicionalmente afastadas da rede privada de cuidados com os animais.
Lei municipal e política pública
A microchipagem obrigatória é uma política pública recente no município. Ela foi oficializada pela Lei nº 8.015/2023, de autoria do próprio secretário Luiz Ramos Filho, que criou o programa de registro gratuito de animais. Desde então, mais de 195 mil cães e gatos já foram microchipados na cidade. Apenas em 2025, já são 14 mil registros realizados.
“Acredito que, neste ritmo, em dois meses chegaremos a 200 mil animais microchipados e registrados no banco de dados da prefeitura”, afirma Ramos Filho. “A microchipagem é fundamental para identificarmos e sabermos quantos animais vivem no município do Rio de Janeiro e, assim, podermos traçar políticas públicas voltadas aos animais”, completa.
Cadastro simples e gratuito
Para microchipar o animal, o tutor deve apresentar F, comprovante de residência e um e-mail. As informações do pet — nome, raça, idade, sexo, vacinação, castração — são registradas em um banco de dados da prefeitura, juntamente com os dados de contato do responsável.
O chip é aplicado com uma agulha sob a pele do animal e não causa dor nem reação. A partir do número de identificação inserido, é possível localizar rapidamente o tutor em caso de perda, abandono ou resgate. A medida tem sido considerada uma das mais eficientes formas de combate aos maus-tratos.
Vacinação: proteção coletiva
A vacinação antirrábica, também oferecida gratuitamente pelo Animal Cidadão, é outro pilar fundamental do programa. A raiva é uma doença viral grave, que pode afetar não apenas os animais, mas também os seres humanos — e não tem cura. Por isso, manter a cobertura vacinal alta é essencial para garantir a saúde pública.
“O serviço de vacinação é indispensável. É preciso lembrar que a raiva mata também os seres humanos. Vacinar é uma questão de responsabilidade coletiva. Não podemos permitir que essa doença retorne ao nosso município, onde ela já está erradicada há anos”, ressalta o secretário Luiz Ramos Filho.
Ele também destaca a importância da microchipagem como uma ferramenta de segurança e de combate ao abandono. “A microchipagem é uma forma moderna, segura e responsável de proteger os animais e seus tutores. Através dela, conseguimos identificar o tutor do animal e responsabilizá-lo, o que também ajuda a coibir os casos de abandono e maus-tratos”.
Unidades fixas complementam ações itinerantes
Além das ações itinerantes em comunidades, o Animal Cidadão também está disponível em duas unidades fixas da cidade. Os serviços de microchipagem e vacinação podem ser realizados, de segunda a sexta, no Instituto Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman, na Mangueira (Av. Bartolomeu de Gusmão, 1.120, zona norte), e no Centro de Controle de Zoonoses Paulo Dacorso Filho, em Santa Cruz (Largo do Bodegão, 150, zona oeste). Esses pontos fixos atendem diariamente a população e funcionam como referência para agendamentos de castração, consultas e outros serviços veterinários da rede municipal.
Conscientização e prevenção a longo prazo
Mais do que vacinar e microchipar, o programa Animal Cidadão também investe na conscientização da população. Durante as ações, os tutores assistem a palestras educativas sobre zoonoses — doenças transmissíveis entre animais e seres humanos — e aprendem sobre os benefícios da castração para o controle populacional dos animais.
“A castração é uma ferramenta essencial para evitar a superpopulação de animais em situação de rua. Por isso, também estamos disponibilizando o agendamento para quem quiser castrar o animal na rede municipal gratuitamente”, afirma Ramos Filho.
A medida se mostra estratégica para reduzir o abandono e melhorar a qualidade de vida dos animais e das pessoas, especialmente em regiões com maior vulnerabilidade social.
Compromisso com o bem-estar animal
A proposta do programa é ambiciosa: promover uma mudança estrutural na forma como o poder público trata os animais urbanos. Com o registro, controle populacional, vacinação e educação, o município busca estabelecer uma nova cultura de responsabilidade e cuidado com os pets.
“Através dessas ações, conseguimos identificar os animais da cidade, evitar a superpopulação e prevenir doenças. E, principalmente, damos dignidade e cuidado a milhares de pets que antes não tinham o a nenhum tipo de serviço veterinário”, resume o secretário.
Com forte adesão da população e números expressivos já nos primeiros dias de funcionamento, o Animal Cidadão mostra que é possível, sim, fazer políticas públicas eficazes para o bem-estar animal — sobretudo quando se alia compromisso, planejamento e presença ativa nas comunidades.
Serviço
Microchipagem e vacinação gratuita: •Instituto Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman Av. Bartolomeu de Gusmão, 1.120 – Mangueira (Zona Norte) •Centro de Controle de Zoonoses Paulo Dacorso Filho Largo do Bodegão, 150 – Santa Cruz (Zona Oeste)
Documentos necessários: F, comprovante de residência e e-mail.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.