Fernando Mansur - colunistaSABRINA NICOLAZZI

Volto ao livro “A Alma precisa de Tempo” (Editora Vozes) da psicóloga junguiana Verena Kast. Na coluna anterior citei uma parte que fala da Alegria e hoje vamos publicar alguns trechos referentes à depressão, possíveis causas e pistas para a superação.
“Pessoas com estrutura depressiva vivenciam sempre o mesmo: elas tentam se adaptar, não recebem o que esperavam e ficam decepcionadas e irritadas. No entanto, não podem mostrar sua raiva, não podem permiti-la, caso contrário diminuiriam ainda mais a chance de receber o reconhecimento, o amor esperado.
Elas tendem a se adaptar excessivamente a outras pessoas e negam assim seus próprios desejos, propósitos e objetivos. Fazem isso para serem amadas, para receberem reconhecimento, para terem uma justificativa de viver. Elas se adaptam ao mundo exterior, aos próximos, ao mundo de trabalho e esquecem que deveriam se adaptar também ao mundo interior e que elas mesmas precisam decidir como desejam se comportar. Quando essa adaptação se torna tão excessiva, elas não conseguem mais seguir seus próprios interesses, muitas vezes nem sabem mais quais são; perdem assim uma fonte de vivacidade.”
Melhor seria se você pudesse ler o livro a fim de entender melhor a variedade de reflexões que a autora apresenta de maneira bem amigável e didática.
Na página 126, Verena cita ideias de seu mestre C.G. Jung: “Quando as pessoas se adaptam demais, a vida que também poderia ter sido vivida permanece na escuridão. Ela se manifesta então na depressão. As pessoas não ficam depressivas simplesmente por terem feito algo errado; a depressão quer algo delas: que elas se voltem para a psique, para o inconsciente e descubram qual vida tem ficado para trás, o que pode ser reintegrado. Na segunda metade da vida, parece ser imprescindível integrar o excluído e o negligenciado, levar a sério o mundo interior.”