Fernando Mansur - colunistaSABRINA NICOLAZZI

Quando você vir uma pessoa, entenda que ali está bem mais do que um corpo, está uma vida, um epítome de muitas vidas.
Aquela pessoa não está sozinha, tem um pai e uma mãe, um guia, talvez seja pai ou mãe, tenha filhos, um emprego, um talento a compartilhar.
Sua história pode ser rica em conteúdo, sua vida já pode ter tido momentos tristes e alegres, pode ter um interior bem rico, ser uma pessoa sonhadora ou bem prática. Como saber?
Certamente tem seus medos e esperanças, algumas contrariedades que a marcaram e muitas lembranças.
Pode torcer por um time, ou nem gostar de futebol; pode ter viajado por muitos lugares e países ou nunca ter saído de sua cidade, viajando apenas na fértil imaginação.
Será que gosta de música, de ler, de escrever, de um bom filme? É a favor ou contra a anistia? Será que seu pensamento funciona de maneira binária: sim ou não, esquerda ou direita? Ou sua mentalidade é ampla e vai além dessas platitudes, investigando a luz e a sombra de cada coisa e de si mesma?
Quando olhar uma pessoa pense que dentro daquele corpo habita um mundo de possibilidades. Respeite-o; bata na porta antes de entrar, peça licença, acenda sua luz, é melhor que tire os sapatos e entregue-se à contemplação do verdadeiro ser que ali está, uma centelha divina como você, um peregrino das estrelas.
Agradeça e aproveite a oportunidade desse encontro. Por quanto tempo você tem esperado por ele? E quando a outra pessoa lhe reconhecer, será que perceberá que hoje você é muito mais que seu nome?
Mas essa descoberta demanda tempo, pausa, reverência, pois as almas precisam de calma para serem conhecidas.