Governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT)Reprodução
Segundo ele, é preciso ter um "Estado forte" para combater o crime organizado, além de medidas sociais para reduzir a pobreza.
"A esquerda pode ter dificuldade (em lidar com a pauta de segurança pública), mas não é toda a esquerda. Entre os governadores do PT, sabemos que é necessário mudar a lei de progressão de regime de penas e endurecermos as penas. Sou favorável a isso", disse o governador.
Elmano disse que o tráfico de drogas e as organizações criminosas "são o principal inimigo do povo". Por isso, o governador do Ceará defendeu que haja um acordo entre esquerda, centro e direita.
"É muito importante que o governo tenha centralidade e possa definir sua pauta. O que é fundamental para terminar o governo bem? Quais são as entregas a fazer e o que tem a ver com o Congresso? Elege a pauta que precisa, o que for fundamental forma maioria, e o que não é tão fundamental negocia com os partidos do centro e da direita. Há temas no Brasil que no meu entender temos espaço para fazer acordo inclusive com a direita, como segurança pública", disse.
Segundo o governador, os líderes do crime organizado "eles estão formando empresas, querem entrar na política, financiar candidaturas".
"Corremos um sério risco (de ter) um Estado paralelo organizado pelo crime. Temos de enfrentá-los com toda a dureza que o Estado brasileiro possa ter", declarou.
"Na esquerda, elegemos pautas como prioridade que deveríamos atualizar com outros temas. Temos, no Brasil, um mundo de pequenos empreendedores, pessoas que buscam ganhar suas vidas no mercado informal. Estão trabalhando de maneiras intensas para isso e nós da esquerda elaboramos poucas políticas públicas para este setor. Temos temas como a segurança, em que temos que reconhecer que nossa elaboração é insuficiente para o enfrentamento de organizações criminosas", afirmou.
O governador disse, porém, que o PT soube se atualizar em relação à importância do setor privado para o avanço da economia Disse que o discurso do partido avançou na "colaboração do Estado com o setor privado para garantir situação de segurança jurídica para que aumente o investimento privado produtivo para gerar emprego e renda".
Questionado sobre o cenário político atual, Elmano disse acreditar que houve um aumento da "descrença na política, para a direita e para a esquerda". Reconheceu que a esquerda "diminuiu a capacidade de mobilização, mas mantém capacidade eleitoral significativa". Para o governador, a "base social do PT existiu e ainda existe, mas o peso na sociedade é menor do que quando surgimos".
Selic
O governador falava sobre o crescimento da economia no Ceará quando fez a cobrança a Galípolo. Disse que, agora que o governo do PT indicou o presidente do BC, espera um esforço maior pela redução da Selic.
"Temos grandes oportunidades. Acho que a taxa de juros é um elemento limitador para o investimento privado no País. É muito importante que tenhamos um esforço. Agora que indicamos o presidente do Banco Central, espero que o presidente do Banco Central colabore de maneira mais intensa do que tem feito até aqui para que a taxa de juros do País seja reduzida para o investimento privado", disse.
Elmano defendeu que o governo Lula "não aumentou, mas reduziu o déficit, talvez não no tamanho que alguns setores gostariam". Cobrou que o presidente defina o quanto antes a pauta econômica prioritária para este ano e forme uma maioria no Congresso em torno dela.
"Lula fez a mudança ministerial que achou que deveria fazer e tem que definir: 'A pauta do Congresso é essa e quero formar maioria em torno dela'. E essa pauta tem que envolver o equilíbrio fiscal. Determinadas pautas que aumentam despesa e (nem) sequer fazem parte do programa do governo têm de ser derrotadas, porque buscam uma ação populista para uma determinada força política ficar bem para o eleitorado sabendo que aquilo não tem viabilidade para o Estado", afirmou.
"Sou da opinião de que deveríamos estar explorando (o petróleo na Margem Equatorial) há muito tempo. Eu tenho mais de 15 km de distância para o que se chama de foz. É uma riqueza que temos de utilizar enquanto podemos utilizar. Temos uma situação no mundo de mudança de matriz energética e vai rapidamente se acelerar", disse.
"Precisamos explorar e utilizar essa riqueza para o desenvolvimento do País. Grande parte da riqueza pode inclusive financiar a mudança da matriz energética que o País precisa. O que o Ibama concluiu agora podia ter concluído anos atrás. Na minha opinião, perdemos tempo", completou.
Elmano concedeu entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, que foi divulgada na noite deste domingo, 25.
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