Coletiva de imprensa sobre nova ação da Operação TorniqueteReginaldo Pimenta/Agência O Dia
Publicado 23/05/2025 08:30
Rio - A Polícia Civil realiza, nesta sexta-feira (23), uma ação contra integrantes de uma organização criminosa especializada em "pagamento de resgate" de veículos produtos de roubo e furto. Procedimento faz parte da Operação Torniquete.
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As investigações revelaram que empresas recuperadoras de veículos, conhecidas como "pronta resposta", contratadas por associações e cooperativas de proteção veicular, negociavam diretamente com roubadores, traficantes e receptadores o pagamento de valores para a devolução dos veículos.

O esquema visava evitar que essas associações precisassem indenizar seus clientes com base na tabela Fipe. Com isso, investigadores comprovaram que a ação impactou diretamente no aumento do número de roubos de veículos ocorridos no segundo semestre do ano ado e nos dois primeiros meses deste ano em todo o Estado do Rio, principalmente na capital e na Baixada Fluminense.
A ação é realizada por agentes da Delegacia de Roubo e Furtos de Automóveis (DRFA) e da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).

Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão contra sócios e funcionários dessas empresas, com o objetivo de apreender celulares, computadores e documentos que comprovem a participação no esquema, além de identificar os responsáveis, do lado dos criminosos, pelas negociações.

As investigações demonstraram também que quatro empresas receberam, de apenas duas associações, mais de R$ 11 milhões em menos de um ano. Nesse mesmo tempo, só por essas empresas, mais de 1,6 mil veículos foram recuperados.

O tempo decorrido entre a data do roubo e a da recuperação chamou atenção dos agentes pois, em algumas empresas, em média, era de apenas quatro dias.

Como funcionava o esquema?

Quando um veículo protegido por uma associação ou cooperativa era roubado, os funcionários dessas empresas de “pronta resposta” entravam em contato diretamente com criminosos, traficantes ou roubadores para negociar a devolução.

Esse contato era feito dentro das próprias comunidades dominadas por facções. Para os bandidos, o esquema criminoso é uma forma rápida, segura e altamente rentável de obter dinheiro. O mesmo vale para essas empresas, pois, em média, foram pagos mais de R$ 6 mil por veículo recuperado, sendo que uma parte era para o resgate e outra ficava para a empresa.

As investigações continuam

A ação faz parte da segunda fase da “Operação Torniquete”, que tem como objetivo reprimir roubo, furto e receptação de cargas e de veículos, delitos que financiam as atividades das facções criminosas, suas disputas territoriais e ainda garantem pagamentos a familiares de faccionados, estejam eles detidos ou em liberdade.

Desde setembro de 2024, já são mais de 520 presos, além de veículos e cargas recuperadas, avaliados em cerca de R$ 37 milhões. As ações incluem ainda o bloqueio de mais de R$ 70 milhões em bens e valores.
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