"As diligências iniciais revelaram que o falecido era titular de dois benefícios previdenciários ativos junto ao INSS, sendo um de aposentadoria e outro de pensão por morte, o que reforça suspeitas sobre possível motivação financeira por parte dos indiciados. Essa linha de apuração segue sob análise, sem prejuízo da consideração de outras hipóteses investigativas", destacou o delegado da 37ª DP (Ilha), Felipe Santoro. Durante perícia na residência, os agentes também encontraram bens aparentemente novos, o que reforçou a tese.
Os filhos de Dario, Marcelo Marchese D’Ottavio e Tania Conceição Marchese D’Ottavio, foram presos e encaminhados para um hospital, já que apresentaram possíveis transtornos psicológicos. Santoro afirmou que os irmãos vão ar por audiência de custódia nesta sexta-feira (23). As investigações seguem em andamento.
Vizinhos relatam brigas
Três testemunhas ouvidas pela polícia contaram que não viam Dario desde novembro de 2023 e aram a notar comportamentos estranhos dos filhos dele. "Por diversas vezes ouvi Marcelo gritar: 'Eu matei meu pai', do muro da casa, esbravejando em alto e bom tom", explicou uma vizinha que mora na mesma rua.
Os moradores da região estranharam o sumiço repentino, especialmente porque, mesmo após a morte da companheira, Dário mantinha uma rotina ativa, cuidando do carro na garagem e aparecendo na calçada. Ainda segundo os vizinhos, o idoso tinha uma situação financeira confortável.
De acordo com eles, Marcelo e o seu pai brigavam constantemente, na maioria das vezes por causa de dinheiro. Em uma das discussões, o homem teria ordenado que o idoso o entregasse o cartão do banco e a senha.
Denúncias ignoradas por anos
A descoberta do corpo só foi possível após anos de denúncias ignoradas por diferentes órgãos. Vizinhos afirmam ter buscado ajuda da assistência social, da Polícia Militar, do Conselho Tutelar e até do Fórum da Ilha do Governador. Entretanto, nenhuma autoridade conseguiu entrar no imóvel sem mandado judicial.
Mesmo com um vazamento de água que afetava casas vizinhas, Marcelo impediu a entrada de terceiros para consertar o problema. O corte no fornecimento, ocorrido há cerca de seis meses, aumentou ainda mais as suspeitas.
"Ele dizia que tinha jogado o corpo do pai no lixo porque não tinha dinheiro para enterrar. A gente denunciava, mas ninguém entrava na casa. Os órgãos vinham, mas ele não deixava ninguém entrar", contou outra testemunha à 37ª DP.
Segundo relatos, Marcelo apresentava sinais evidentes de transtornos mentais. Ele falava sozinho, andava desleixado e frequentemente ofendia a irmã, com quem dividia a residência.
Vídeo mostra onde corpo estava
Um vídeo mostra o momento em que os filhos são presos pela Polícia Civil. Nas imagens, também é possível ver o corpo do homem deitado em cima de uma cama dentro da casa em que eles moravam. Confira:
Polícia Civil prendeu, nesta quarta-feira (21), dois irmãos em flagrante por manter o corpo do pai há meses dentro de casa na Ilha do Governador.
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