Morador da Mangueirinha leva transporte a moradores da favela com cooperativa
Edilson de Souza deixou emprego de carteira assinada para investir no próprio negócio no conjunto de favelas de Caxias
Edilson de Souza percebeu que os moradores da comunidade não tinham transporte na favelaArquivo Pessoal
Por RAI AQUINO
Rio - Foi percebendo a falta de opções de transporte dentro do Complexo da Mangueirinha que Edilson de Souza, de 38 anos, e sete amigos criaram, em 2018, a GAC VIP Transporte. A cooperativa oferece uma opção de mobilidade aos moradores do conjunto de favelas de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, diante da negativa de motoristas de aplicativo arem à região.
Quatro anos depois, quatro deles ainda comandam o negócio com seis funcionários e 30 motoristas cadastrados. O crescimento é sentido também no número de corridas. Se no inicio elas eram 300 por mês, hoje chegam a 11 mil.
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"A gente percebeu que os motoristas de aplicativo cancelavam as corridas pedidas pelos moradores daqui e não subiam o morro quando vinham com ageiro. Além disso, aqui não tem van, nem ônibus. Os ônibus que chegam é na parte de baixo e a prestação de serviço deles é muito ruim", conta Edilson.
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O motorista deixou o emprego de carteira assinada de manobrista para investir no próprio negócio. Casado e pais de duas filhas, uma de seis e outra de 18 anos, ele percebeu que estava diante de um projeto que poderia dar muito certo. E deu!
"A gente começou com um numero de telefone fixo e WhatsApp, criamos um grupo, fizemos cartão e flyer e os distribuímos dentro da comunidade. No primeiro mês foi horrível, porque tivemos cerca de 30 corridas. Quase desistimos, mas fomos persistentes", relembra.
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A cooperativa deslanchou e hoje, além dos funcionários e do grupo maior de motoristas, os amigos contam com uma sede própria e um aplicativo para receber os pedidos. Os moradores da comunidade agradecem pela existência do serviço, que funciona praticamente 24 horas por dia.
"Eles pedem muito para que a nossa cooperativa nunca acabe e para a gente não desistir. São sempre gratos, porque não há outro meio de transporte", relata.
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O cria da Mangueirinha calcula que dos anteriores 25% que tinha pagar para as empresas de aplicativo, hoje tira cerca de 10% do que ganha para manter o negócio. Com o ree menor do que arrecadam, os quatro amigos esperam crescer ainda mais.
"A única coisa que a gente espera é o crescimento, de uma forma geral, não só dentro do nosso bairro, mas no município ou dentro do nosso estado. A gente entende que se crescermos, os motoristas também crescerão, as atendentes crescerão e vamos gerar mais emprego. Também acredito que o nosso bairro vai ficar mais conhecido e visado", defende Fernando Nascimento, 37, um dos quatro sócios da cooperativa.