Miguelito está emprestado ao América-MGMourão Panda / Studio Panda / América MG

Curitiba - Miguelito, do América-MG, foi preso em flagrante após ser acusado de cometer injúria racial contra Allano durante o jogo contra o Operário, que aconteceu no último domingo (4), em Ponta Grossa, pela Série B do Brasileirão. Ele foi liberado no fim da manhã desta segunda (5), após prestar depoimento.
Após a partida, Miguelito, Allano e o volante Jacyr (como testemunha) foram até a 13ª Subdivisão Policial. Depois de ouvir todos os envolvidos, a voz de prisão em flagrante foi dada. As informações foram reveladas primeiro pelo "ge".
A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil. A nota será atualizada caso haja resposta. Na noite do último domingo (4), o Operário se manifestou por meio das redes sociais para repudiar atos racistas e dar apoio a Allano. Nesta segunda-feira, (5) o América emitiu nota para dar apoio a Miguelito.
Leia a nota do Operário:
O Operário Ferroviário Esporte Clube repudia com veemência qualquer ato de racismo. Durante a partida de hoje (04), diante do América-MG, o nosso atleta Allano relatou ter sido vítima de ofensas racistas por parte do jogador Miguelito, da equipe adversária. O clube está buscando as imagens e demais elementos que possam confirmar os fatos e tomará todas as medidas cabíveis diante da gravidade da situação.

Reforçamos que o Operário está prestando todo o e necessário ao atleta Allano e seguirá firme em seu compromisso com a luta contra o racismo, dentro e fora de campo. Não vamos tolerar nenhuma forma de discriminação.
Leia a nota do presidente do Conselho do América-MG:
O América FC, fiel à sua história centenária e aos princípios que a sustentam, vem a público prestar esclarecimentos e manifestar total solidariedade ao atleta Miguel Ángel Terceros Acuña, diante de acusações infundadas que tentam associar seu nome a conduta de cunho racista.
Após criteriosa apuração interna e análise dos fatos disponíveis, não foi identificada qualquer atitude, gesto ou declaração do jogador que possa, sob qualquer ângulo, ser interpretada como discriminatória.
Ao contrário, Miguel Terceros sempre demonstrou conduta ética, respeito e espírito esportivo, sendo amplamente reconhecido no clube por seu profissionalismo e integridade. O América FC reafirma, de forma enfática, seu compromisso inegociável com a igualdade, o respeito à dignidade humana e o combate a toda e qualquer forma de preconceito.
Repudiamos qualquer tentativa de imputar condutas incompatíveis com esses valores a nossos atletas e colaboradores — ainda mais quando desprovidas de qualquer respaldo nos fatos. Seguiremos firmes na defesa dos princípios que norteiam nossa instituição e na preservação da honra de todos que constroem, com dedicação e respeito, um futebol mais justo, inclusivo e humano.
Alencar da Silveira Júnior.

O caso

O árbitro da partida, Alisson Sidnei Furtado (TO), relatou o caso em súmula. Ele contou que Allano alegou ter sido chamado de "preto cagão" por Miguelito e informou que a equipe de arbitragem não viu o incidente.
A situação aconteceu aos 30 minutos da etapa inicial. Na sequência, o árbitro fez um "X" com os braços para sinalizar o protocolo antirracismo. A partida ficou paralisada por 15 minutos. Nesse tempo, também houve uma confusão que envolveu os atletas do banco de reservas do América-MG e a torcida do Fantasma.
"Relato que aos 30min do primeiro tempo, o atleta numero 29 da equipe mandante, sr. Allano Brendon de Souza Lima, veio até minha direção, alegando ter sido chamado de "preto cagão" pelo atleta Miguel Angel Terceros Acuna, numero 07 da equipe visitante. Informo que nenhum integrante da equipe de arbitragem no campo de jogo viu e/ou ouviu tal incidente. Após a comunicação do atleta da equipe mandante, imediatamente foi realizado o protocolo antirracismo, em sua primeira etapa, a qual consiste na paralisação do jogo, realização do gestual antirracista e o anuncio feito no estádio explicando o motivo da paralisação do jogo e que se o incidente não cessasse, a partida seria interrompida".
"Em tempo, informo que, enquanto os suplentes de ambas as equipes retornavam aos seus respectivos bancos de reservas, o atleta número 04 da equipe visitante, sr. Pedro Henrique Barcelos da Silva, noticiou que membro da comissão técnica de sua equipe foi atingido por líquido não identificado e cusparada vinda de um torcedor que se localizava no local destinado aos torcedores da equipe mandante. Devido a alegação dos jogadores suplentes da equipe visitante de falta de segurança para o retorno ao banco de reservas, foi aguardado a chegada da Polícia Militar, a qual identificou o infrator e o retirou das imediações. Após a retirada, os atletas retornaram ao banco de suplentes. Até o término da presente súmula, não foi apresentado nenhum boletim de ocorrência a equipe de arbitragem.