Miriam Leitão relembra quando foi presa no período de regime militarReprodução Youtube
Rio - Miriam Leitão, de 72 anos, relembrou quando foi presa grávida no período de ditadura militar, durante o programa "Sem Censura", da TV Brasil, nesta terça-feira (3). Em uma conversa com a apresentadora Cissa Guimarães, a jornalista contou que foi torturada e que depois de um tempo, relatou o que tinha acontecido nas forças armadas como testemunha.
"Foi na ditadura militar. Miriam era uma ativista na faculdade dela, no movimento estudantil. E ela foi presa grávida. E a gente sabe da história dela, mas para quem não sabe, esse foi o motivo da prisão", esclareceu Cissa.
A jornalista explicou como foi o processo de quando foi presa."A história do meu silêncio é interessante. Eu falei, uma vez, em 1973, diante do tribunal militar. Eu fui julgada pela primeira auditoria da aeronáutica do Rio de Janeiro e fui presa no exército. Tem um momento que eles permitem que o réu fale e ai eu resolvi que ia denunciar a tortura. E muita gente disse: 'Não faça isso, se você fizer isso, você volta para a prisão'. E eu estava com sete meses de gravidez", disse Miriam.
Miriam contou que ficou por muito tempo em silêncio e um tempo depois, fez várias coberturas sobre o regime. "Quando o juiz me chamou, eu falei: 'Eu fui torturada'. Eu falei em 1973. Ai eu fiquei em silêncio. Eu falei: 'Vou cuidar da minha vida, vou criar meus filhos, eu vou trabalhar'. Ai quando chegou a redemocratização, eu cobri as buscas desses eventos. Eu fiz várias entrevistas e quando deu comissão da verdade, do governo Dilma, eu falei: 'Eu vou cobrir isso muito bem'. E eu fiz muitos programas, comecei a fazendo documentários do Rubens Paiva, que ganhou um prêmio. Eu me joguei nessa cobertura", declarou.
A comunicadora relatou quando decidiu se pronunciar. "Teve um momento que o exército soltou uma nota negando tudo e falando que não tinha havido desvio função nas forças armadas. E de repente me deu uma luz. Não falar por causa de mim, ok. Mas ali, não mais como vítima. Mas como testemunha. eu fui testemunha do que aconteceu nas forças armadas. Eu precisava falar, mas não por mim, mas pelos outros que não tinham voz. Eu fui torturada em frente a um quadro do Duque de Caxias", afirmou.
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