Publicado 25/05/2025 00:00
_FAPERJ lança edital inédito em 20 dias para recuperar e equipar unidades que atendem animais e formam futuros veterinários_
Hospitais universitários que tratam de cães, gatos, cavalos e até animais silvestres em todo o estado do Rio de Janeiro estão prestes a receber um reforço de peso. A Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) anunciou que, dentro de pelo menos 20 dias, lançará um edital inédito que destinará R$ 6 milhões à recuperação e modernização da infraestrutura de hospitais veterinários universitários fluminenses.
Voltado a instituições de ensino superior públicas e privadas sem fins lucrativos que mantenham hospitais-escola vinculados a cursos de graduação em Medicina Veterinária, o programa vai financiar obras de infraestrutura e aquisição de equipamentos de grande porte. A expectativa é fortalecer unidades que, muitas vezes, são a única alternativa de atendimento veterinário gratuito ou a baixo custo para a população de baixa renda em diversas regiões do estado.
“Esses hospitais exercem um papel estratégico que une ensino, pesquisa e impacto social. São locais onde se forma mão de obra qualificada, se desenvolvem projetos científicos e, ao mesmo tempo, se oferece um serviço essencial para o cuidado com os animais — domésticos ou não. O edital reconhece e apoia essa missão”, afirma Caroline Alves, presidente da FAPERJ.
Segundo o texto do edital, que será publicado no site da Fundação, poderão ser apoiadas intervenções físicas, reformas e modernizações de áreas como centros cirúrgicos, laboratórios de análises clínicas e microbiologia, salas de diagnóstico por imagem, ambulatórios e alas de internação. A chamada também prevê a aquisição de equipamentos como autoclaves, aparelhos de raio-X, ultrassons, mesas cirúrgicas, centrífugas e câmaras de conservação de medicamentos.
Cada proposta poderá receber até R$ 1,5 milhão, com execução prevista para até dois anos. Os projetos deverão ser coordenados por docentes ou pesquisadores das universidades e terão de apresentar um plano técnico detalhado que comprove a relevância da melhoria proposta para a formação acadêmica, a assistência aos animais e a viabilidade da execução.
O secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Anderson Moraes, destacou o papel da iniciativa no fortalecimento da infraestrutura universitária voltada para a formação técnica e o atendimento à população. “Ao apoiar a modernização dos hospitais veterinários, estamos contribuindo para a qualificação dos cursos de Medicina Veterinária e para a oferta de serviços que atendem milhares de animais em todo o estado, muitos deles levados por famílias de baixa renda”, afirmou.
Segundo ele, o investimento reflete uma diretriz da política estadual de ciência e tecnologia voltada à aplicação prática do conhecimento. “A pesquisa científica precisa gerar impacto concreto na vida das pessoas. Projetos como esse articulam ensino, assistência e inovação, ampliando o alcance social das universidades e fortalecendo a ciência no território fluminense.”
UENF: infraestrutura em ação
A UENF, pioneira no ensino veterinário na região norte e noroeste fluminense, mantém o Hospital Veterinário Escola Sadi Bogado, que realiza atendimentos gratuitos ou a preços íveis para a população de Campos dos Goytacazes e municípios vizinhos. Somente em 2024, foram registrados:
* 3.120 casos de clínica médica de animais de companhia (clínica geral) e 300 casos de clínica médica e cirúrgica de equinos no sistema de porta aberta;
* 1.205 estudos radiográficos;
* 900 análises microbiológicas;
* 796 casos reprodutivos de cães e gatos;
* 6.040 análises laboratoriais (hematologia, bioquímica, urinálise, líquidos cavitários etc.);
* 1.320 procedimentos cirúrgicos (de baixa, média e alta complexidade);
* 985 procedimentos anestésicos e 335 sedações;
* 908 análises anatomopatológicas.
A população atendida vem majoritariamente das classes C, D e E. Cerca de 50% dos atendimentos são totalmente gratuitos.
Além disso, a universidade desenvolve projetos como o Projeto Carroceiro, voltado para a saúde dos animais de tração, e programas de castração e controle de zoonoses como a esporotricose.
* 3.120 casos de clínica médica de animais de companhia (clínica geral) e 300 casos de clínica médica e cirúrgica de equinos no sistema de porta aberta;
* 1.205 estudos radiográficos;
* 900 análises microbiológicas;
* 796 casos reprodutivos de cães e gatos;
* 6.040 análises laboratoriais (hematologia, bioquímica, urinálise, líquidos cavitários etc.);
* 1.320 procedimentos cirúrgicos (de baixa, média e alta complexidade);
* 985 procedimentos anestésicos e 335 sedações;
* 908 análises anatomopatológicas.
A população atendida vem majoritariamente das classes C, D e E. Cerca de 50% dos atendimentos são totalmente gratuitos.
Além disso, a universidade desenvolve projetos como o Projeto Carroceiro, voltado para a saúde dos animais de tração, e programas de castração e controle de zoonoses como a esporotricose.
Ao longo dos últimos anos, novos cursos de Medicina Veterinária foram criados no estado, especialmente na rede privada. Algumas instituições ainda enfrentam dificuldades para implantar estruturas hospitalares adequadas, o que torna as universidades públicas referências regionais fundamentais.
Reconhecimento
A reitora da UENF, Rosana Rodrigues, reforça o impacto do novo programa da FAPERJ:
“Este edital está sendo muito aguardado por toda a comunidade da UENF. É um importantíssimo apoio para os hospitais veterinários universitários do estado do Rio de Janeiro e representa uma importante oportunidade de avanço em diversas frentes acadêmicas, estruturais e sociais. O apoio da FAPERJ será fundamental para permitir a modernização da infraestrutura, a aquisição de equipamentos de ponta, a reestruturação física e tecnológica dos hospitais, resultando em melhor capacitação técnica de profissionais, melhores condições de ensino, pesquisa e extensão. Trata-se de um reconhecimento da importância dos hospitais veterinários universitários como centros de formação acadêmica, pesquisa científica e prestação de serviços essenciais à sociedade, especialmente considerando o conceito de Saúde Única.”
Atendimento gratuito faz diferença na vida de tutores e protetores de animais
Andrea Cerqueira tem um coração que não sabe dizer não. Sempre que encontra um gato abandonado na rua, leva para casa. Foi assim que, ao longo dos anos, ela chegou a abrigar mais de 20 felinos. Hoje vive com 12 — todos tratados com carinho, cuidado e muito amor. “São meus filhos”, diz, com convicção. Mas junto com o amor vem a responsabilidade — e os custos.
“Às vezes, dois ou três ficam gripados ou com alguma infecção ao mesmo tempo. Aí não tem jeito, preciso correr com eles para o veterinário. Só que pagar tudo em clínica particular fica muito difícil. A ração já é muito cara, medicação também. Então essas consultas nos hospitais veterinários universitários ajudam demais. São uma verdadeira mão na roda.”
Ela e o marido dividem a rotina de cuidados com os gatos: alimentação, limpeza, vacinação, consultas e, muitas vezes, medicação diária. “Tem dias que é puxado, mas é por amor. E eu tenho um problema sério: não consigo ver um bichinho na rua e deixar lá. Já me disseram pra parar, que não dá conta. Mas quando vejo um gatinho, não adianta. Tenho que pegar. O coração é muito mole.”
Como muitos dos animais resgatados chegam doentes, o apoio de serviços públicos é essencial. “Todo bichinho que vem da rua tem algum probleminha de saúde. E cuidar deles custa. Se posso fazer exames, castração ou tratamento sem pagar, facilita muito a minha vida. E eles ganham qualidade de vida.”
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