Roseana Murray falou de sua vida, lembrando de ataque que sofreu por três cães da raça pitbull Foto Antônio Filho/Divulgação
Publicado 02/06/2025 16:23 | Atualizado 02/06/2025 16:23
Campos – Realizado pelo governo municipal, por meio da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), a 12ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes (RJ) está sendo marcado por um número expressivo de visitantes, desde o primeiro dia, sexta-feira (30). Um dos temas em destaque é inteligência artificial. Também estão envolvidas na organização as Secretarias de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct) e de Turismo.
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A feira homenageia o cartunista Ziraldo, falecido no ano ado, que participou ativamente de várias edições em Campos. A estrutura está montada no Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop), com participações de ponta a cultura e da literatura nacional, como a escritora Roseana Murray, de 74 anos, com mais de 100 livros publicados.
Roseana ocupou o espaço do Café Literário para falar sobre sua vida, mediada pela curadora da bienal, Suzana Vargas. Uma das agens narradas ocorreu no dia 5 de abril de 2024, quando ela foi atacada por três cães da raça pitbull, em Saquarema, na Região dos Lagos do estado do Rio de Janeiro, tendo perdido o braço direito.
“A vida nos ensina a importância dos sonhos mais simples. Limitações nos ensinam e nos encaminham para amadurecimentos importantes”, disse a escritora, realçando superação. Inteligência artificial também é ressaltada no evento, tendo um dos temas debatidos nesse domingo (1), entre escritores, jornalistas e estudantes.
A escritora, jornalista e fotógrafa Cora Ronai e o filósofo, professor e pesquisador André Stangl debateram o tema “Inteligência artificial: avanços e problemas, limites e possibilidades”, com mediação do jornalista Wilson Heidenfelder. “Eu sou fã de tecnologia. Acho que a gente tem que lidar com tudo isso com cuidado, mas sem medo de ser feliz”, pontuou Cora Ronai.
Na opinião da escritora, a tecnologia é uma ferramenta espetacular e depende de cada um usar da melhor forma possível, para o desenvolvimento humano e o bem: “A inteligência artificial que a gente se refere hoje, a generativa como o chat GPT, por exemplo, está tendo um impacto extraordinário. A gente não sabe nem a metade, nem uma fração do que ela ainda vai produzir”.
AFRICANIDADE - André Stangl reforçou que as múltiplas informações estão presentes para serem bem usadas: “Mas creio que o livro vai sempre ter seu lugar. A tecnologia pode andar lado a lado com o livro; ele não perde sua importância”. Outro destaque desse domingo foi a escritora Conceição Evaristo, de 78 anos, que participou da mesa “Afrodescendência, cultura e literatura negras”, juntamente com de Eliana Alves Cruz.
A Arena Jovem ficou lotada, com as escritoras falando sobre a importância da luta de um escritor para a concretização da publicação de seus escritos: “Existe uma africanidade latente na nacionalidade brasileira, pela qual caminha a nossa literatura. Lutamos pelo reconhecimento, não só como escritoras, mas como intelectuais”, afirmou Conceição.
“Se formos pensar a intelectualidade a partir de sujeitos que pensam a sua vida própria, que pensam a vida da sua comunidade, que pensam a vida da nação, eu acho que a gente sempre fez isso”, reforçou a escritora. Eliana Alves defendeu que não se pode ser motivado somente pela consequência do holofote, da mídia.
“Você tem algo a dizer, acredita que tem algo a dizer ao mundo. Então, é isso que vai te dar força na hora das derrotas, dos nãos que você vai receber, e isso que vai te dar força, na jornada”, argumentou sugerindo: “Então, acredite no que você faz, se não é um clichê, é uma verdade. Escreva, simplesmente escreva”. A programação vai até domingo (8).
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