José Orton Sathler morreu em abril de 2021, aos 76 anos, durante a pandemia covid-19Reprodução
Durante exumação, família descobre que corpo de idoso foi cremado por engano em BH: 'Meu pai virou poeira'
istração do cemitério afirma que os responsáveis pelo erro foram demitidos
Minas Gerais - Uma família foi surpreendida ao descobrir que o corpo de um ente querido foi cremado por engano em um cemitério de Belo Horizonte. De acordo com a istração do local, os responsáveis pelo erro foram demitidos.
José Orton Sathler morreu em abril de 2021, aos 76 anos, durante a pandemia covid-19. À época, a família optou por um jazigo provisório.
Segundo o boletim de ocorrência da Polícia Militar (PM), o erro foi descoberto na última sexta-feira (30) após um dos filhos do homem, Josemar Bedetti Sathler, ir até o cemitério para a exumação do corpo do pai, para realizar a troca de jazigo.
No local, ele percebeu que os ossos não eram de José Orton Sathler devido a uma placa metálica no fêmur esquerdo do cadáver. O material é usado em cirurgias ortopédicas para tratar fraturas, mas o homem nunca havia ado por esse tipo de procedimento.
A exumação era para ter ocorrido no ano de 2023, mas a família foi informada de que a decomposição não havia ocorrido completamente.
Ao procurar os responsáveis pelo Cemitério Bosque da Esperança, Josemar foi informado de que o corpo de José havia sido cremado no ano ado, no lugar do corpo de uma mulher, que estava enterrada no mesmo jazigo comunitário.
A família acionou a PM e registrou um boletim de ocorrência do caso, já que não era um desejo dos parentes a cremação, que aconteceu sem a presença ou autorização da família. O caso foi registrado como 'troca de corpos na exumação".
Segundo o cemitério, os enterros aconteceram no período mais crítico da pandemia de covid-19, quando dois sepultamentos foram agendados para o mesmo jazigo comunitário, em horários distintos. Um seria enterrado às 09h30 e outro às 15h. Mas, um atraso provocou a inversão na ordem dos enterros.
"A istração do cemitério entrou em contato com a família envolvida no mesmo dia da constatação, com o objetivo de esclarecer integralmente os fatos e buscar alternativas para amenizar a situação da forma mais respeitosa e adequada possível", disse em nota.
"Expressamos nossas mais sinceras desculpas à família afetada e nos colocamos à disposição para todos os esclarecimentos adicionais, com o devido respeito, transparência e responsabilidade — e, sobretudo, com a dignidade que as famílias que confiam em nossos serviços merecem. (...) Os colaboradores cuja conduta contrariou os protocolos operacionais estabelecidos foram identificados e imediatamente desligados da empresa", acrescentou.
Josiane Sathler, uma das filhas do homem, lamentou o ocorrido e pediu justiça. "Meu pai virou fumaça, virou poeira. Acabou. O cemitério tem que ser responsável por isso. Isso é grave", disse à TV Globo.
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que não vai abrir investigação criminal porque não houve crime. Segundo a instituição, só é configurado crime quando há intenção de desrespeitar os mortos, o que não ocorreu neste caso. A troca de corpos foi tratada pela instituição como um erro.
"O crime de vilipêndio a cadáver exige, necessariamente, conduta dolosa, ou seja, a vontade deliberada de desrespeitar os mortos. No caso em questão, conforme relatos, não houve dolo, tratando-se de um erro, o que afasta a possibilidade de responsabilização na esfera penal", explicou.
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